Juros do crédito sobem pela quinta vez

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Juros do crédito sobem pela quinta vez

Taxas dos cartões alcançam média de 441,7% e alertam para risco de inadimplência

Juros do crédito sobem pela quinta vez
Foto: Arquivo A Hora
Brasil

Pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que as taxas de juros do país continuam a acumular altas ao longo de 2016. Os indicadores de maio mostram a quinta elevação no ano e vigésima ampliação em sequência.

No caso dos cartões de crédito, a taxa média anual alcançou o maior índice desde outubro de 1995, chegando a 441,7% ao ano. Nas seis operações de empréstimos pesquisadas para pessoas físicas, a taxa média anual chega a 150,7%.

Para o presidente do Sindicato dos Contadores e Técnicos de Contabilidade do Vale do Taquari (Sincovat), Rui Mallmann, a alta das taxas é uma forma de defesa dos agentes financeiros diante da instabilidade do mercado brasileiro e da crise enfrentada pelo país.

Apesar de garantir a segurança para esses agentes, a ampliação dos índices pressiona empresas e pessoas físicas que acabam pagando mais caro pela tomada de crédito. Conforme Mallmann, a melhor recomendação para este cenário é a prudência.

“O uso de crédito bancário deve ocorrer apenas em último caso”, aponta. No caso das organizações empresariais, o presidente do Sincovat afirma que a grande saída é a organização por meio de ferramentas de gestão.

“O segredo é ter informações precisas sobre o negócio e alcançar um controle completo das finanças”, reforça. Com as dificuldades para aumento de receitas devido à recessão, Mallmann defende a adoção de cortes nas despesas para manter a sanidade financeira das atividades.

“Se as empresas não fizerem isso estão fadadas ao fracasso”, alerta. Por outro lado, o dirigente avalia o momento como propício a ajustes que possam determinar o sucesso da empresa no período pós-crise. Para Mallmann, a classe contábil tem o dever de contribuir com as empresas no sentido de orientar a correta utilização do crédito.

“Toda instabilidade é passageira, e quem se preparar agora conseguirá não apenas sobreviver à crise, mas também dar um salto de desempenho quando o cenário ficar favorável”, ressalta. Conforme a Anefac, os juros de empréstimos empresariais alcançaram média de 71,94% ao ano.

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Renegociação

No caso das pessoas físicas, Mallmann afirma que o principal vilão do descontrole de gastos é o cartão de crédito, cujo juro considera desumano. Para ele, ficar devendo, pagar apenas a taxa mínima ou parcelar as contas mensais do cartão pode causar problemas graves.

Nesse tipo de dívida, a sugestão é realizar um empréstimo bancário com pagamento parcelado em taxas menores. Além disso, ressalta a necessidade de controlar os gastos a prazo e não fazer compras parceladas no crédito.

Tais medidas foram adotadas pela estudante Vanessa Paliosa, 22. Ela cancelou o cartão de crédito após contrair dívida muito acima dos valores gastos. “Tinha vezes que o boleto vinha em um valor, eu pagava o mínimo e no outro mês o valor aumentava muito, causando um efeito de bola de neve.”

A estudante fez um empréstimo para quitar o débito e agora evita compras parceladas. Também recusou as inúmeras ofertas da operadora para manter o cartão. “Por mais que facilite, prefiro não ter. Além dos juros serem abusivos, gastamos mais por não sentir o prejuízo na hora da compra.”

Segundo ela, vale mais a pena juntar dinheiro e negociar descontos com os vendedores nos pagamentos à vista do que aderir às operações de crédito.

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