O frio da manhã de ontem foi o mais intenso do ano. Na estação de medição do Centro de Informações Hidrometeorológicas (CIH) da Univates em Encantado, foram registrados 0,8ºC.
As baixas temperaturas marcadas ainda no outono são uma amostra de um inverno bem mais rigoroso se comparado a 2015. De acordo com a coordenadora do CIH, Fabiane Gerhart, a temperatura mais baixa na região ficou entre 1ºC e -2ºC.
Medidores de temperatura instalados nas ruas marcaram temperaturas bem mais baixas. Segundo Fabiane, a diferença para a medição oficial é natural. Os termômetros de rua marcam a sensação térmica, sendo influenciados por fatores como vento e umidade, explica.
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Sensação de -6°C
O amanhecer foi gelado e com paisagem tomada pela geada em Boqueirão do Leão. A propriedade do agricultor Ademir Almeida proporcionou uma bela imagem. Ao fundo do potreiro coberto pelo gelo, a cidade amanhecia com características típicas de serra.
“É bom que ocorram temperaturas negativas, isso auxilia no combate de pragas, o frio sem dúvida faz parte da nossa região”, observa o agricultor.
Quem também encarou as marcas negativas logo cedo foi o pedreiro Gelson Ogliari. Na praça da cidade, ele acompanhou o registro do termômetro apontando -3°C. Para escapar do frio, um fogo improvisado em meio à obra ajudou a começar mais um dia de trabalho. “Antes das 7h já estava na praça, mas o cenário sem dúvida encanta qualquer pessoa.”
Em Gramado Xavier, o registro de moradores apontou marca de -4°C na praça da comunidade Cristo Rei.
Em Progresso, não foi diferente. Segundo a estudante de Jornalismo Jéssica Koch, o termômetro marcou -1°C logo no amanhecer. Mas durante a madrugada a sensação de frio foi ainda maior. “Não foi fácil acordar cedo e ir trabalhar, não estávamos mais acostumados com esta bela paisagem branquinha.”
Frio apresenta contraste na agricultura
Com a chegada do frio, Teutônia registrou 0ºC e o primeiro dia de geada. O produtor Claus Schaeffer, 63, se impressionou com a camada de gelo formada sobre o tronco de um cinamomo na propriedade, na Estrada da Várzea.
Embora acostumado com o clima frio e úmido da localidade entre Languiru e Teutônia, o principal impacto é notado na criação de gado.
Na área de 2,4 hectares, ele mantém 44 animais, uns para abate, outros para a produção de leite. O frio acaba retardando o crescimento dos animais. “Esse não é o lugar ideal para que eles desenvolvam bem.”
Na mesma propriedade, Marciel Schumann, 27, cria 10,5 mil galinhas poedeiras. Diferente de Schaffer, ele comemora a chegada do inverno. Segundo o produtor, durante o período, há menos chances de os animais morrerem. O consumo de ração aumenta 10%, melhorando a produção para 9,7 mil ovos por dia.
“Em dias quentes, elas comem 90 gramas de ração cada e nos dias frios aumenta para 125 gramas”. A única medida para manter a temperatura do galinheiro é a instalação de cortinas laterais.
Solidariedade
O governo estadual lançou no início do mês mais uma edição da Campanha do Agasalho, com o tema “Doe com amor.” As coletas são feitas nas rodoviárias, quartéis dos bombeiros e Brigada Militar e nas agências do Banrisul.
Além da ação estadual, governos municipais e entidades privadas também realizam campanhas de arrecadação e distribuição de roupas.