A agricultora Bertina de Oliveira, 38, aprendeu a comer tripa recheada com os avós, quando ainda era criança. As histórias ao redor do fogão à lenha lembravam das reuniões em família para preparar a iguaria. A mistura de carnes, ovos, cenoura, batata-inglesa, sal e tempero verde dava força para o agricultor trabalhar na roça, lembra.
Hoje, é um prato diferenciado que se disseminou do interior para a cidade. Os filhos Vinícius, 10, e Victorino, 3, se acostumaram a comer tripa recheada. Além de preservar a tradição local, a família ajudava na organização do baile. No entanto, este ano será diferente. “Ajudamos por muitos anos. Agora é a vez de aproveitarmos a festa.”
No dia 18, a comunidade de Linha Ano Bom Alto promove o 20º Baile da Tripa Recheada e Batata Frita. O encontro inicia às 19h na Sociedade Cultural e Esportiva. Haverá animação com a banda Danúbio Azul e Dj Cristiano Neguer. O objetivo da festa é relembrar a tradição. Os cartões para janta estão à venda por R$ 25.
Conforme o organizador do evento, Sidnei Wolf, 28, os primeiros bailes eram realizados para angariar fundos para a associação de alunos da escola 7 de Setembro e também eram alusivos à Festa de São João. Com o passar do tempo, a escola fechou e a associação da juventude da Emater manteve a organização. “O objetivo é de integrar amigos e aguçar o paladar de quem morava ou mora no interior. Convidados de Bento Gonçalves, Lajeado, Marques de Souza, Roca Sales, Guaporé, Westfália e Imigrante já confirmaram presença”.
No ano passado, a programação reuniu 800 pessoas. Foram preparados 600 quilos de tripa recheada e 600 de batata frita. O auge ocorreu em 2014, quando serviram mais de 1,3 mil jantas e contabilizaram 1,7 mil pessoas no baile. Hoje, o lucro da festa serve para manutenção do salão comunitário, capela mortuária e cemitério.
Régis Weirich, 38, de Linha Harmonia, Teutônia, ajudou a pintar o prédio da sociedade e foi convidado para participar do baile pela primeira vez. Faz pouco tempo que experimentou a iguaria. A descoberta de novo alimento fez ele substituir por salsichão e até carne de frango assada “Prefiro comer tripa recheada do que salsichão ou carne de frango. Bem assada, servida quente é uma maravilha.”
Saiba Mais
Embora a tradição tenha surgido no campo, com produção artesanal, a iguaria servida é toda industrializada. A tripa recheada é comprada pronta com controle de pesagem dos condimentos e temperos. A comunidade apenas assa e serve durante a festa. O mesmo ocorre com a batata frita.
