O cachorro até pode ser o melhor amigo do homem, mas o gato tem mais personalidade. Isso pelo menos na visão dos apaixonados pelos bichanos. Hoje, com a propagação de vídeos das peripécias e piruetas dos felinos, mais pessoas têm escolhido criar esses animaizinhos. Independentes, curiosos e preguiçosos, os gatos já ocupam espaço em pelo menos 17 milhões de casas no país.
Domesticados pelos egípcios, os felinos foram perseguidos durante a inquisição e queimados em praças públicas junto com mulheres condenadas por bruxaria. Envolta em mistérios e misticismo, a peculiaridade de ter gatos tem uma relação direta com o estilo de vida, a identidade, gostos e preferências dos seus donos.
A lajeadense Ana Endler tem as primeiras memórias com gatos na casa da avó materna, no interior de Colinas. Lá, os animais ficavam soltos e não costumavam se relacionar com humanos. Depois de adulta, conheceu um casal de amigos que tem dois gatos. Foi quando a paixão surgiu. Junto com o marido, decidiu abrigar dois filhotes. Os nomes compostos chamavam a atenção: Jesse Roberto e Emily Maria.
Com 25 dias de vida, Gregory Catutinha foi acolhido por Ana. A gata Rebekah Pequena foi adotada já adulta. Foi depois dela que Ana e o marido perceberam a necessidade de mudar de apartamento. O lugar ficou pequeno. O quinto gato foi nomeado Ted Antônio. “Levei-o para casa sem intenção de ficar, mas a identificação foi grande.”
Anya Beatris foi um dos resgates mais difíceis para Ana. A gata estava embaixo de um carro e para fazê-la sair foi necessário tempo e paciência. Depois veio Ralfh Cato, que também deveria ficar na casa de Ana apenas temporariamente, mas se tornou parte da família. Os dois últimos, com os nomes provisórios de Coto e Babu, foram adotados após uma devolução. “Hoje, meus gatos são parte da família.”
Os animais ajudaram Ana a manter a rotina e as responsabilidades quando esteve doente. Foi por meio deles que fez amigos e conheceu pessoas. Do amor aos animais, surgiu a Sociedade de Apoio a Gatos Abandonados (Saga), em dezembro do ano passado. Com a ajuda de mais cinco voluntárias, Ana recolhe gatos da rua e os coloca em lares temporários.
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Ajuda aos felinos
O grupo surgiu da necessidade de ter símbolo e marca para representar ajuda aos gatos da região. Segundo Ana, é comum ver grupos de auxílio a cachorros, enquanto os gatos são esquecidos. As voluntárias são pessoas que costumavam resgatar os animais na rua. “Sem o grupo oficial, não tínhamos os termos de adoção e nem como controlar as castrações.”
A atuação da Saga ocorre em cidades do Vale do Taquari, onde as voluntárias conseguem se deslocar usando veículos próprios. Apesar de não dispor de sede, os lares temporários para gatos resgatados são na casa das integrantes da Saga e de amigos.
O grupo dispõe de projeto de castrações, ao custo de R$ 85 para o macho e R$ 110 para a fêmea. O valor é usado para pagar veterinários e arcar com gastos do grupo. As fêmeas, em número de 15 por vez, são levadas até a Associação Rio Grandense de Proteção Animal (Arpa), em Porto Alegre. Os machos são castrados em Lajeado em grupos de dez.
A principal dificuldade da Saga está relacionada aos custos, conta Ana. “Recebemos poucas doações porque as pessoas ainda não nos conhecem.” Por meio de uma página no Facebook, o grupo tenta sensibilizar as pessoas à causa animal.
Qualquer ajuda é bem-vinda, diz Ana. Desde jornais, cobertores, caixas de areia, camas para gatos e dinheiro para comprar ração. “Pedimos ajuda financeira porque compramos alimentos em larga escala com desconto. Também para sempre darmos a ração da mesma marca.” Até agora, o número de adoções intermediadas pela Saga chega a 150. Quem quiser conhecer os gatos para doação pode comparecer às feiras que, por vezes, ocorrem no evento Arte na Praça.
Bichano saudável
Segundo a médica-veterinária, Caroline Bersch, é normal os gatos dormirem cerca de 18 horas por dia. Geralmente escolhem lugares inusitados. “Nem sempre será na cama deles.”
O mais importante em relação à higiene não é o banho, mas a escovação do pelo, afirma. Os gatos se lambem regularmente e isso é o suficiente para a higienização. A escovação é essencial para os gatos mais peludos. Isso fará com que o animal engula menos pelo ao se lamber. “Também é preciso ter cuidado para não formar nó.” Se, mesmo assim, o dono quiser dar banho, o intervalo deve ser de mais de um mês.