Mudança na rede hídrica divide opiniões

Teutônia

Mudança na rede hídrica divide opiniões

Água da localidade de Linha Gamela é considerada imprópria para o consumo

Mudança na rede hídrica divide opiniões
Teutônia

Problemas no sistema hídrico de duas comunidades geram divergência. Nas localidades de Linha Catarina Alta e Linha Gamela, a rede é antiga, de ferro e tem perfurações na extensão. A Vigilância Sanitária notificou as associações comunitárias e os moradores sobre a contaminação da água. A administração municipal elabora processo de licitação para abertura de outro poço artesiano no alto do morro, para eliminar o problema. Em paralelo, busca incentivo estadual para instalar nova rede com canos de PVC.

Com a medida, a água deve ser clorada. Segundo o coordenador da Vigilância Sanitária (Visa), Nelson Lameiro Cardoso, a água distribuída para os 22 associados de Linha Gamela é imprópria para o consumo. “Eles devem ferver a água, deixar parada até esfriar e depois agitar para oxigenar. Essa foi a orientação. Do jeito que está, não podem clorar a água porque gera trielometános que é cancerígeno”.

Para a presidente da associação de Linha Catarina, Márcia Rejane Kolling, 50, as notificações geraram impasse na comunidade. Segundo ela, o problema da rede existe faz mais de 18 anos e não houve investimento do poder público. O orçamento oriundo dos sócios não é suficiente para a troca de todos os canos.

Outro problema é a necessidade de cloração da água. O produtor Lauro Schaeffer, 66, tem poço artesiano e colabora com a associação. Por mês, paga R$ 25 para o consumo de mil litros. O investimento continuará, mas até que a água não agrade o paladar. “Eu não acredito que se cria tantos micróbios dentro dos canos e caixas d’água. Será que colocando cloro a cada três meses não ajudaria? Se eu não gostar da água terei de sair da associação.”

Na propriedade de Airton Kolling, 56, há um poço antigo cuja água serve para consumo animal. A única fonte para a família é oriunda da associação. Desde que moram na localidade, nunca notaram sabor estranho na água. O fato ocorre quando consomem água clorada. “Às vezes, quando consumimos em Languiru, por exemplo, sentimos cheiro e sabor forte. Pra mim não é água como a nossa.”

Custos preocupam líderes

Em Linha Catarina Alta, há tantas perfurações ao longo da extensão dos canos que apenas 10% da água chega ao reservatório. Para atender a demanda dos 18 moradores associados, as duas bombas de sucção são programadas para trabalhar na potência máxima. O resultado é uma conta de energia elétrica que compromete o orçamento mensal.

Além disso, as unidades queimam com facilidade, desanimando ainda mais quem mantém o serviço. O tesoureiro Nelson Geib, 60, mora próximo das bombas e é responsável pela manutenção da rede. Segundo ele, os canos galvanizados foram instalados no meio da roça e depois o inço cresceu. As rupturas na extensão exigem esforço do agricultor.

A situação se arrasta faz no mínimo oito anos. Os problemas desanimam o agricultor. Por mês, entram cerca de R$ 700 no caixa, mas o custo com manutenção e energia elétrica ultrapassa R$ 1 mil. “Não tem como continuar. Quando conserto em um lado, estoura do outro e os canos ficam no meio do mato. Quero largar a associação, mas ninguém quer assumir a responsabilidade.”

Aldair Wilsmann, 48, mora na localidade desde a infância e convive com a falta de água. Por mês, investe R$ 60 na associação e R$ 120 em energia elétrica. Apesar das despesas pesarem no orçamento, sabe das dificuldades encontradas na comunidade. “A manutenção é difícil. Esperamos alguma solução.”

Acompanhe
nossas
redes sociais