Estudantes da escola Érico Veríssimo ignoraram o pedido do Conselho Escolar e Círculo de Pais e Mestres (CPM) para deixarem o prédio. A decisão foi tomada ontem à noite. Os conselheiros alegam que precisam do espaço para manter as aulas, além de garantir a “segurança” dos alunos.
A avaliação dos conselheiros é que, mesmo com a ocupação tomando apenas uma sala, os que busca aulas estão sendo prejudicados pelo ato. É o que afirma a professora e também integrante do Conselho Mara Scheiber. “Precisamos desse ambiente para os nossos alunos, pois as salas estão ficando cheias.”
De acordo com eles, os estudantes não apresentaram as reivindicações nem o cronograma de atividades, o que gerou a notificação para a saída do local. Segundo a professora e presidente do Conselho, Iara Lermen, a decisão visa amparar os alunos que não estão integrados ao movimento. “Estão na ocupação cerca de 20 alunos, e a escola é formada por 900. A reivindicação deles é justa, mas temos de pensar nos que querem aula.”
Manifestantes admitem atraso na entrega de pauta
Após a reunião, os próprios alunos avaliaram que houve demora para apresentar as reivindicações ao Conselho e CPM. De acordo com a presidente do Grêmio, Agatha Chaves, isso aconteceu em razão do detalhamento para construí-la. Mesmo assim, outros integrantes criticaram a demora para a produção do documento.
Pais consideram postura ameaçadora
A reunião que decidiu pela retirada iniciou sem a presença dos manifestantes. Por cerca de uma hora, apenas integrantes do Conselho deliberaram sobre os rumos da ocupação.
Por volta das 20h15min foi a vez dos ocupantes, acompanhados de alguns pais, ingressarem no auditório onde ocorria o encontro. O grupo saiu revoltado e afirmando que não ter tido espaço para falar. “Nos chamaram para uma palestra, não para uma reunião”, afirmavam.
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Segundo Simone Veronesi, mãe da presidente do Grêmio, os conselheiros ignoraram as falas de alunos e pais. “A presidente se recusou durante todo o tempo a responder minhas perguntas.”
Além da falta de diálogo, os pais também afirmaram ter sentido tons de ameaça durante o encontro. De acordo com Irani Lopes, que se mostrava disposta a dormir na escola para poder garantir a segurança do filho Paulo, que ocupa escola desde o início do movimento. “Foi citado o caso de Caxias do Sul, onde um pai de aluno agrediu um estudante de 17 anos. Isso me passou um tom de ameaça aos ocupantes.”
Conselho não esclarece como fará desocupação
Questionadas sobre como garantir a saída dos estudantes, as duas professoras que integram o Conselho não deram detalhes. A decisão do Conselho vai na contramão do que a Secretaria da Educação (Seduc) tem dito desde que as ocupações iniciaram. Até o momento, a orientação é de não tratarem do tema na área judicial, o que significa não pedir a reintegração de posse dos locais ocupados. Entretanto, a Seduc esclarece que tanto direção quanto grupo de pais podem solicitar a reintegração de posse da escola.
De acordo com a 3ª CRE, caso os alunos permaneçam na escola, a solicitação de saída dos jovens será encaminhada à Procuradoria Geral do Estado.