Total de fumantes reduz 33,8% em dez anos

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Total de fumantes reduz 33,8% em dez anos

Pesquisa mostra que campanhas e leis antitabaco diminuem riscos do tabagismo

Total de fumantes reduz 33,8% em dez anos
Brasil

Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta redução no número de fumantes. Divulgada ontem, no Dia Mundial Sem Tabaco, a pesquisa aponta redução de 33,8% no número de fumantes adultos entre 2005 e 2015.

Entre os motivos para a mudança do hábito, estão a criação de campanhas antitabagismo e as leis que restringiram o fumo em locais públicos. A proibição das propagandas e o aumento progressivo no preço dos cigarros também contribuem para a redução.

Natural de Progresso, Ercílio Vedoy, 54, fumou por mais de 25 anos e, há cinco, decidiu parar. A mudança resultou melhor qualidade de vida. “A principal diferença é que me sinto mais tranquilo”, alega.

Mesmo sem fumar, Vedoy convive diariamente com o tabaco. Trabalhador na linha de produção de uma fumageira no Vale do Rio Pardo, considera a cultura importante para a economia regional. Além disso, tem quatro filhas fumantes.

“Sou favorável à produção, pois muitos agricultores e trabalhadores dependem da atividade. Mas como faz muito mal à saúde tento convencer minhas filhas a parar”, afirma. Ele também defende a lei federal antifumo, aprovada em 2011 e sancionada em 2014, que proíbe fumar em locais públicos.

“Não tenho nada contra o vício de cada um, mas não é certo que outras pessoas respirem fumaça”, pontua. A opinião é a mesma de Natália Furtado, 40. Moradora de Boqueirão do Leão, considera que a lei ainda é branda em caso de descumprimento.

“As restrições são importantes, mas é preciso estipular alguma punição”, considera. Conforme a lei, pessoas flagradas fumando em local proibido recebem apenas uma advertência verbal. Apesar disso, Natália percebe aumento no número de amigos e parentes que deixaram de fumar após a determinação.

Ambientes fechados

Se a proibição do hábito de fumar em locais públicos, mesmo em áreas abertas, vigora desde 2014, no caso dos ambientes fechados, a restrição começou em 2009. Em outubro daquele ano, foi aprovada lei estadual impedindo o fumo em locais de trabalho, restaurantes, bares, hotéis, bancos, supermercados e casas noturnas.

Proprietário de uma casa especializada em rock and roll, TJ Kuhn afirma que o ambiente no bar melhorou muito após a proibição. Segundo ele, alguns clientes ainda tentam burlar a regra, principalmente no fim da noite.

“Muitos rockeiros fumam, talvez a maioria, e isso me deixava de cabelos em pé quando tinha que pedir para o pessoal não fumar. A lei me deu uma forcinha”, avalia. O tabagismo também fez parte da vida de Kuhn, que deixou o vício faz sete anos, depois de várias tentativas.

“O corpo vai melhorando aos poucos. No início não sentia a melhora. Mas quando voltava a fumar percebia a diferença”, lembra. A restrição em locais fechados também é defendida pela estudante Jéssica da Silva, 25, que sofre de rinite.

“Já fumei quando era mais nova e sei o quanto o fumo passivo prejudica pessoas que têm problemas respiratórios”, ressalta. Para ela, seria importante também proibir que adultos fumem perto de crianças, por serem altamente influenciáveis.

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Políticas de restrição

Além de impedir o tabagismo em locais públicos, a União estabeleceu outras medidas para desestimular o vício. Uma delas foi a política de preços mínimos, aumentando impostos e o valor de venda dos artefatos de tabaco.

O Ministério da Saúde também ampliou ações de prevenção com atenção especial aos grupos mais vulneráveis, que incluem jovens, mulheres, população de menor renda e escolaridade, indígenas e quilombolas. O Programa Saúde na Escola (PSE) também foi fortalecido, ampliando ações educativas de prevenção.

Maior índice na adolescência

Os dados do Ministério da Saúde mostram que o número de adolescentes que experimentaram o cigarro é maior em relação à população adulta. Enquanto 18,5% dos brasileiros de 12 a 17 anos afirmam terem fumado pelo menos uma vez, o índice cai para 10,4% na população com 18 anos ou mais.

O estudo ouviu 74.589 adolescentes de 1.251 escolas em 124 municípios. A Região Sul foi a que apresentou os maiores índices de tabagismo antes da maioridade. Conforme a pesquisa, 23,3% dos adolescentes do RS, SC e PR já experimentaram cigarro.

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