Uma reunião entre o secretário de Educação Vieira da Cunha e representantes do Ministério Público, Defensoria Pública, Procuradoria Geral do Estado, Conselho Tutelar, Conselho Estadual de Educação e a Federação de Associações de Pais e Mestres discutiu a atuação do governo frente às ocupações das escolas gaúchas.
Realizado nessa sexta-feira, 27, o encontro foi sugerido após a confirmação de que mais de cem colégios haviam sido tomados por alunos que exigem melhores condições de ensino e apoiam a greve do magistério.
No Vale do Taquari, estudantes da escola Érico Veríssimo, em Lajeado, seguem mobilizados. De acordo com a presidente do grêmio, Agatha Chaves, cerca de 16 alunos passam as noites na escola e se revezam durante o dia. Neste sábado à noite, eles realizam um jantar coletivo com participação de representantes da comunidade escolar.
Conforme Agatha, a ocupação deve seguir por tempo indeterminado, apesar da resistência da direção da escola ao movimento. Segundo ela, a internet wi-fi foi cortada desde segunda-feira, 23, e o acesso à cozinha fora do horário de aula também foi impedido.
Os alunos receberam a doação de um fogão improvisado e um botijão de gás para preparar as refeições. “Desde quarta-feira, não podemos nem ligar o ar-condicionado para amenizar o frio.”
Os estudantes dizem ainda que parte dos professores tenta enfraquecer o movimento, ameaçando marcar provas e passar novos conteúdos. Mesmo assim, garantem que a maioria dos alunos segue paralisada.
“Na média, de dois e cinco alunos comparecem às aulas por turma. Os demais, ou ficam em casa ou integram a mobilização. Estão tentando nos vencer no cansaço, mas não vão conseguir”, ressalta Agatha. Segundo ela, os estudantes recebem apoio de parte dos educadores e de pais, que assinaram autorizações permitindo a participação dos jovens na ocupação.
Movimento autônomo
Os alunos que ocupam a Érico Veríssimo garantem que o movimento não tem vinculação com partidos políticos ou sindicatos de trabalhadores. “Algumas pessoas criticam dizendo que estamos sendo influenciados, mas não permitimos nenhum tipo de interferência”, afirma a presidente do grêmio.
Conforme Agatha, a intenção de manter uma mobilização permanente foi construída devido ao dinamismo das reivindicações. “A cada reunião, alunos fazem novos pedidos e apresentam propostas diferentes. Outras acabam saindo da pauta de reivindicações.”
Segundo ela, o principal objetivo do movimento é melhorar as condições de ensino. “Os mesmos alunos que ajudaram a pintar e fazer pequenos reparos no colégio nas férias são os que agora participam da ocupação.”
Plenária do Cpers
Nesta segunda-feira, 30, os professores gaúchos realizam uma plenária em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre. De acordo com o presidente do 8º Núcleo do Cpers, Oséas Souza de Freitas, parte dos servidores ficará em vigília até terça-feira, 31, data em que o governo prometeu resposta às reivindicações da categoria.
A reunião começa às 10h. Às 14h, os professores se reúnem em frente à Assembleia Legislativa.
Protestos na segurança
Também na segunda-feira, servidores da segurança pública promovem protesto contra o descaso do governo gaúcho com o setor. De acordo com a representante do Sindicato dos Policiais Civis (Ugeirm), Magda Lopes, policiais da região acompanharão a mobilização, que inicia às 10h no Aeroporto Salgado Filho.
As entidades distribuirão panfletos para a população com com denúncias sobre a falta de investimentos no setor. A partir das 14h, o movimento se reúne no auditório Dante Barone, na Assembleia Legislativa, para discutir projeto que prevê a terceirização de atividades da administração pública.
Conforme Magda, a população precisa saber a real dimensão dos problemas enfrentados no setor. “A criminalidade está desta forma, não por falta de empenho dos servidores, mas pela ausência de investimentos.”