Encontro aborda preservação de sementes

Arroio do Meio

Encontro aborda preservação de sementes

Cultivo com base em espécies nativas garante diversidade na produção de alimentos

Encontro aborda preservação de sementes
Arroio do Meio

Agricultores acompanharam o 9º Encontro de Sementes Crioulas nessa quarta-feira. Eles conheceram técnicas de aproveitamento, cultivo, além de trocarem mudas e sementes de mais cem variedades.

Durante a atividade, o bispo Aloísio Sinésio Bohn falou sobre a origem das iniciativas e sua experiência pela América do Sul. Em locais onde houve o abandono das espécies nativas e a prioridade do plantio de alimentos modificados, havia dificuldades de se manter a eficiência das produções, afirma.

A situação causou preocupação entre integrantes de entidades ligadas aos agricultores no estado ainda na década de 1990. Os debates eram uma forma de evitar a ocorrência do que havia em outros países da América do Sul. “Eles perderam o nativo e não tinham mais nada”, lembra o bispo.

Uma alternativa para tentar tornar espécies nativas acessíveis novamente foi a organização de guardiões. No estado, existem cem deles. Os responsáveis contam com um estoque com mais de 200 espécies de milho, feijão, arroz, hortaliças, morangas e abóboras. Estima-se que hajam 600 produtores de sementes crioulas na região dos Vales.

Dedicação ao orgânico

Lucila Petry, 54, se dedica faz 25 anos à produção de orgânicos e à preservação de espécies crioulas. Na propriedade da família, em Rui Barbosa, produzem diferentes itens para abastecimento de estabelecimentos e escolas do município. No futuro, ela pretende usar o local para repassar informações sobre o cultivo para outros agricultores. Nos últimos nove anos, Lucila colabora na organização do encontro e ressalta a crescente busca pelas variedades.

Ela ressalta o ganho de qualidade de vida para os trabalhadores do campo com a prática e a possibilidade de uma rentabilidade melhor. Sem o uso de agrotóxicos químicos, afirma, os custos de produção diminuem. “As pessoas têm buscado bastante e esse reconhecimento motiva a continuar com as atividades.”

Assim como ela, Noeli Warken, 65, ressalta a importância da preservação de espécies e do incentivo à cultura orgânica. Para ela, as mudanças de características dos alimentos modificados têm influenciado no consumo de vegetais e frutas.

Acostumada a consumir o que produz no sítio da família, ela classifica como negativa a experiência de ingerir cenouras compradas de mercado.“Eu fiquei chocada com o sabor que tinha e não consegui comer. Não culpo as crianças de não quererem comer isso e sou feliz de poder dar o que cultivo aos meus netos.”

Noeli repassou aos participantes receitas para produção de uma biomassa de banana verde orgânica. O item é utilizado por ela em pratos doces, salgados e bebidas com complemento nutricional.

Ela desenvolve a técnica de produção há três anos, depois de ter visto uma notícia sobre os benefícios do consumo em um programa de televisão. Destaca o papel do composto na recomposição da flora intestinal, além de ser fonte de fibras e uma forma de evitar o desperdício da fruta.

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