A utilização de sementes crioulas é uma alternativa interessante para a produção de alimentos com valores nutricionais melhores e, de quebra, constitui uma prática amigável ao ambiente.
Isso porque os agricultores que recorrem a esse material geralmente têm métodos de manejo diferenciados, que dispensam o uso de agrotóxicos e outras substâncias químicas. Nesta quarta-feira, 25, ocorre o 9º Encontro Municipal de Sementes Crioulas em Arroio do Meio, no Salão Paroquial do centro.
A atividade integra a Semana do Alimento Orgânico e, de acordo com o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, André Michel Müller, consiste em uma tarde de debates, troca, partilha de sementes e degustação de alimentos produzidos a partir de cultivos crioulos.
Segundo Müller, esses encontros são importantes para promover o resgate e preservação das sementes. Os melhoramentos genéticos feitos nas últimas décadas priorizaram a produtividade e muitas variedades perderam a essência do seu paladar, diz. “Além do cultivo ser orgânico, muitos retomam o plantio pelo valor nutritivo e as características organolépticas, referentes ao sabor e à textura.”
Como desafios, aponta a necessidade de popularizar o consumo e destacar os valores nutricionais a fim de manter e ampliar o cultivo. Sem ter um levantamento oficial do número de produtores, as variedades preservadas e a área cultivada no município, Müller estima que durante o encontro devem ser expostos mais de 50 tipos de sementes como milho, feijão, arroz, chás e hortifrutigranjeiros. São aguardados em torno de 120 participantes.
O evento é organizado pelas comunidades católica e evangélica de Confissão Luterana, Grupo dos Agricultores Ecologistas de Forqueta, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associação Ecobé, Secretaria da Agricultura, Comissão Pastoral da Terra e Emater.
No RS, estão catalogados cerca de cem guardiões. Esses preservam mais de 200 espécies de milho, feijões, arroz, hortaliças, morangas e abóboras. Na região dos Vales, existem em torno de 600 produtores de sementes crioulas.
Respeitar, cuidar e multiplicar
O professor Pedro Squarcieri, 70, do bairro São Caetano, é adepto do cultivo orgânico e mantém diversas variedades de sementes crioulas.
Natural de Ivorá, lembra dos ensinamentos do pai, um defensor do cultivo sem o uso de agrotóxicos ou químicos. “Ele sempre dizia que a gente iria enriquecer as multinacionais e produzir alimentos para envenenar os outros.”
No quintal, cultiva milho, feijão, frutas e hortaliças. O controle de pragas é feito com produtos biológicos, como as vespas. Para manter o solo preservado, utiliza pó de rocha e planta feijão de porco. Ele capta o nitrogênio do ar e fica na terra. Com isso, o uso de adubos químicos é eliminado.
Entre as vantagens de manter plantas crioulas, destaca a durabilidade das sementes, o sabor e a textura diferenciados, além do alto nível de nutrientes. “Ajuda a manter a biodiversidade, respeita a natureza e produzimos um alimento saudável. É uma excelente alternativa de negócio.”
Fique atento
O quê – 9º Encontro Municipal de Sementes Crioulas
Quando – Dia 25
Onde – Salão Paroquial da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Horário – Às 13h30min
Programação – Palestra sobre o valor nutritivo dos alimentos orgânicos, com a nutricionista Joice Johann Bordignon; às 15h15min, relato de produtores, seguido de troca e degustação de alimentos produzidos a partir das sementes.