O gás natural fornecido pela Sulgás para uso industrial terá redução de 6,7% na tarifa a partir do dia 15. A medida foi autorizada nessa quinta-feira pelo governador José Ivo Sartori e é mais uma ação de incentivo à utilização do combustível. Em abril, o Estado iniciou o RS-Gás, programa de incentivo à produção de gás natural por meio de biodigestores.
Conforme o secretário de Minas e Energia, Lucas Redecker, a redução segue tendência do mercado mundial do combustível. Segundo ele, a queda na taxa cambial e as frequentes diminuições no preço do barril do petróleo influenciaram a decisão.
Além disso, Redecker destaca o impacto da medida nos custos de produção industrial diante da crise econômica. Lembra que a Sulgás tem como principal acionista o governo do Estado, e que a medida aumenta a competitividade das indústrias gaúchas.
Apesar da crise, a Sulgás apresentou, em 2015, aumento de 22,3% no volume médio comercializado de gás natural. A estatal alcançou 6.158 novos clientes no ano passado, incremento de 30,2% em relação a 2014. Entre os segmentos atendidos pela empresa, a geração elétrica foi a que teve maior crescimento em 2015, com incremento de 152% na comparação com o ano anterior. O uso industrial do combustível subiu 14%.
RS-Gás
Anunciado em abril, o Programa Gaúcho de Incentivo à Geração e Utilização de Biometano (RS-Gás) visa ampliar a oferta de gás natural em áreas não contempladas pelo gasoduto Brasil-Bolívia. Para Redecker, a medida pode beneficiar investimentos no Vale do Taquari.
Junto com o Vale do Caí, a região é considerada a principal do estado em potencial para geração de biometano, devido à concentração de produtores de suínos, aves e leite. O secretário lembra que muitos agricultores não conseguem expandir a produção porque não têm onde depositar os dejetos.
O RS-Gás prevê a criação de linhas de crédito especiais junto ao BRDE e ao Badesul, e criação de parcerias público-privadas para investimentos na cadeia. A Sulgás também garantirá a compra da produção pelos próximos 20 anos.
Por meio de uma chamada pública, a ser lançada no 2º semestre, será iniciada a aquisição de projetos de Biometano, com volume total estimado de 200 mil metros cúbicos por dia. Hoje, os gaúchos consomem dois milhões de metros cúbicos diariamente. Ainda estão previstas novos editais em 2018 e 2019.
Conforme Redecker, o incentivo à produção local aumentaria a arrecadação de ICMS no estado. Hoje, o imposto cobrado sobre o consumo de gás natural é tributado no Mato Grosso, estado por onde o gasoduto binacional ingressa no Brasil. Por ano, os gaúchos pagam R$ 166 milhões ao Mato Grosso.
Energia limpa
O biometano é resultado da purificação do biogás, um dos produtos da decomposição da matéria orgânica ocorrida por meio da ação de determinadas bactérias. No RS recebe a marca de GNVerde, de propriedade da Sulgás. Composto por metano e dióxido de carbono, o biogás é purificado com a retirada do CO2 e de enxofre, até chegar a uma estrutura química semelhante à do gás natural.
O processo de produção de gás natural também gera fertilizantes ricos em nitrogênio, com baixo teor de carbono, com menos presença de produtos químicos nocivos em relação aos sintéticos.
