A vacinação contra a febre aftosa no RS inicia neste domingo, 1º. Para essa etapa, o governo estadual distribui doses gratuitas para produtores que tenham até dez animais – 38% dos pecuaristas gaúchos.
Para receber a vacina, os beneficiados precisam estar enquadrados no Pronaf e PecFam. O RS é o único estado brasileiro a doar vacinas contra a febre aftosa. A campanha de imunização se estende até 31 de maio.
O estado é livre da doença há 14 anos – último foco foi registrado em 2001. Conforme o secretário da Agricultura, deputado Ernani Polo, existe um projeto de avançar no status sanitário e para isso as ações no sistema de Defesa Agropecuária terão prioridade. “O produtor precisa se conscientizar de que é preciso realizar a imunização de forma adequada”. A meta é retirar a vacina em 2020.
Nesta etapa, todos os bovinos e bubalinos precisam receber a dose, quase 14 milhões de animais. Na Inspetoria Veterinária de Lajeado, que abrange mais oito municípios do Vale do Taquari, serão vacinadas 61.478 mil cabeças.
Rogério Kerber, presidente do Fundesa, afirma que “nós do setor de produção, temos a obrigação de manter longe qualquer ameaça que possa prejudicar o setor. Nos dá garantia de acesso aos mercados, embora seja precário, é nossa obrigação fazer de forma eficaz.”
Segundo Kerber, qualquer anormalidade ou dúvida de como proceder na hora de vacinar pode ser esclarecida nas inspetorias veterinárias . “O pecuarista faz parte do sistema sanitário e é responsável pelo controle do rebanho.”
Quem comprar a vacina pagará em média R$ 18 por frasco, com dez doses. O pecuarista terá cinco dias após o término da campanha para apresentar a nota fiscal de compra e especificar o número de animais vacinados na propriedade. A imunização é obrigatória. A multa por não aplicar a vacina passa de R$ 900, além da suspensão da Guia de Transporte Animal (GTA).
Fiscalizar as fronteiras
O fiscal agropecuário Diego Viali dos Santos, responsável pelo estudo “Identificação de áreas de risco para a febre aftosa no RS utilizando a técnica de múltiplos critérios”, aponta que nos 22 critérios analisados o principal risco de ingresso do vírus ocorre nas regiões de fronteira por meio da movimentação ilegal de animais. Foram analisados os casos registrados entre 1986 a 2001. “Se o maior risco está nas regiões fronteiriças, é lá que deve estar reforço da vigilância ativa”, destaca Santos.
Município paga doses
Para garantir a imunização de todo rebanho, 4,7 mil cabeças, a Secretaria da Agricultura de Mato Leitão contratou um vacinador e pagará todas as doses aos produtores. Devido às dificuldades financeiras, o Estado repassa apenas 10% das vacinas de forma gratuita. Conforme a prefeita Carmen Goerck, a medida visa reduzir os custos e proteger o rebanho de um eventual surto da doença, o que poderia trazer prejuízos ao setor, responsável por boa parte da arrecadação municipal.
“A sanidade é nosso passaporte”
O produtor de leite, Osvaldo Berwanger, de Estrela, imunizará, a partir de segunda-feira, as 77 vacas mantidas na propriedade. Segundo ele, é fundamental aplicar a vacina e manter o rebanho longe de doenças. “Trabalhamos com alimento. Oferecer à indústria um produto saudável é uma obrigação e um passaporte para garantir a conquista de novos mercados.”
Os últimos casos foram registrados há 50 anos. Além de rebanho leiteiro, os suínos criados de forma independente também foram contaminados. Por temer a necessidade de sacrificar os animais, Berwanger aplica a vacina todos os anos, nas duas etapas. Por dia, são produzidos 670 litros de leite.