Pesquisa aponta risco de emprestar crédito

Vale do Taquari

Pesquisa aponta risco de emprestar crédito

Consumidores adimplentes tornam-se devedores ao ceder o nome para terceiros

Pesquisa aponta risco de emprestar crédito

Estudo do SPC Brasil aponta que, do total de pessoas com dívida no último ano, 11,2% contraíram débitos por emprestar o nome para outros. Autorizar amigos e parentes a comprar no crediário é uma prática usual e, também, danosa.

A atitude é considerada arriscada e não recomendável por gerentes de lojas de Lajeado. Os profissionais afirmam que cerca de 90% dos clientes que emprestam seu crediário acabam tendo atrasos nas parcelas e são colocados nos serviços de proteção como SPC e Serasa. Por vezes, precisam assumir a dívida.

Hoje desempregada, Patrícia Neitzke, moradora de Lajeado, é um dos casos de quem teve problemas por confiar em um “amigo que achava que conhecia, mas acabou dando um rolo.”

Há cerca de um ano e meio, ela o autorizou a fazer compras e acabou se prejudicando. “Passei uns seis meses trabalhando para pagar contas que não eram minhas”, relata sem esconder a decepção. Ela preferiu se responsabilizar pela dívida para não ficar com nome sujo.

Sem conseguir quantificar os valores das dívidas, Patrícia lembra apenas do volume comprado por quem um dia teve a sua confiança. “Foram compras em lojas de roupas, calçados e até mesmo uma geladeira.”

De acordo com ela, o amigo não teve dificuldade financeira que justificasse os atrasos, apenas o que ela denominou como demonstração de “ mau caráter”. O trauma, porém, serviu como lição. “Depois disso, nunca mais emprestei meu nome, e também não pretendo, nem para parentes.”

Lojas criam estratégias para se proteger

Não é apenas quem empresta o crediário que sai prejudicado quando a conta não é paga. Além de sujar o nome, o devedor também prejudica os lojistas que não recebem o valor dos produtos. Para evitar isso, lojas de Lajeado adotam diferentes estratégias, desde limitar os valores de crediário até proibir o empréstimo da conta.

Restringir o crédito foi a saída encontrada pela loja gerenciada por Fernanda Griebler, após constatar inúmeros casos de pessoas endividadas por emprestar o nome limpo a amigos e familiares. Muitas vezes, esses com restrições nos serviços de proteção. “Há pessoas que não têm restrições e acabam emprestando para diversas pessoas e quase 90% desses ficam negativados.”

A gerente afirma que incentiva o uso do cartão, pois assim o pagamento à loja fica garantido. Para Fernanda, emprestar o nome não é aconselhável. “Quem não tem crédito e não se preocupa com o seu nome não vai se preocupar com o nome do outro” avalia.

Já o estabelecimento onde Bruna Caroline Scherer é analista de crédito tomou uma atitude mais radical. Há dois anos, decidiu vetar o empréstimo a amigos e parentes dos clientes. Os métodos podem ser diferentes, mas o motivo é o mesmo, prejuízo aos cofres das lojas, que acabam não tendo de quem cobrar. “As pessoas esperavam os cinco anos para sair do SPC e nós ficávamos sem receber”, relata Bruna.

Cresce o endividamento de famílias no Rio Grande do Sul

Pesquisa da Fecomércio apontou que as famílias gaúchas chegaram ao maior nível de endividamento nos últimos quatro anos. Os dados apontam que 373,6 mil famílias estão com dívidas, o que representa 70,4% da população. A última vez que o endividamento chegou a esse nível foi em 2012. De acordo com os dados da entidade, 30,5% estão com suas dívidas em atraso.

Em Lajeado, segundo os dados da CDL, 15,3% dos consumidores estão com o nome incluso no SPC. O índice é estável em relação ao ano passado e teve uma pequena alta quando comparado a 2014, ano em que 13,9% dos consumidores da cidade tinham restrições ao crédito.

Apenas em março deste ano, foram registrados 3,2 mil novos inadimplentes no município. Já o CDL de Teutônia estima que 8,5%, ou 2,5 mil pessoas, não podem realizar compras a crédito.

Em Estrela, a Cacis não tem números sobre quantos consumidores estão com o nome sujo, tendo apenas o índice de quem conseguiu regularizar seu crédito. A entidade aponta que no ano passado 35,9% da população recuperou o crédito. Em 2016, caiu para 30,1%, o que significa dizer que menos pessoas estão saindo do cadastro de devedores.

Acompanhe
nossas
redes sociais