O excesso de umidade e o granizo são os principais responsáveis pela queda na produção de tabaco na safra 2015/16. Conforme levantamento da Afubra, a oferta de tabaco deve alcançar 558 mil toneladas, contra 695 mil na safra anterior – uma diferença de 21%.
Com a produção reduzida, o valor pago por arroba (15 quilos) pela indústria ameniza em parte os prejuízos registrados na maioria das lavouras. Com 70% do tabaco comercializado, o valor médio pago pelo quilo está em R$ 9,60, ou seja, R$ 144 a arroba.
Em 2014/15, a média paga foi de R$ 7,32, um acréscimo de 31%. O faturamento do setor pode alcançar R$ 5,4 bilhões, um incremento de 8% a mais do que os R$ 5 bilhões do último ciclo. No RS, a entidade calcula uma safra de 257,7 mil toneladas, em uma área de 132 mil hectares plantados.
O rendimento é estimado em R$ 2,5 bilhões neste ano. Segundo o gerente técnico Paulo Vicente Ogliari, devido às intempéries que atingiram mais de 30 mil lavouras na Região Sul, a produtividade recuou e fez a indústria remunerar melhor a matéria-prima. “Muitos recebem acima do valor de tabela. Cria-se um cenário de euforia e muitos pretendem aumentar a área cultivada. Podemos ter prejuízos em caso de uma supersafra.”
Recomenda ao fumicultor manter a área e evitar novos investimentos. Para ele, é importante dedicar parte da mão de obra e das terras disponíveis a outras culturas, diversificar as alternativas de lucro na propriedade.
Segundo Ogliari, a atuação do fenômeno La Niña geralmente resulta uma produtividade maior e folhas com mais peso. “Ampliar em 10% a área pode reduzir em 10% a remuneração. Com oferta maior, a indústria eleva o rigor, mesmo tendo boa qualidade.” As fumageiras seguem a compra até o fim de junho.
Diversificar ameniza prejuízo
No fim do mês de outubro, a lavoura com 40 mil pés de tabaco, da família Diehl, de Cruzeiro do Sul, foi devastada por um temporal de granizo. Ao todo, 380 mil folhas foram danificadas. “Alguns pés ficaram sem uma única folha”, lembra Bruno.
Parte das perdas é compensada pelo aumento no valor pago pela arroba, que neste ciclo chega a R$160. “Se as folhas estivessem inteiras, sem furos, teria ganho até R$ 10 a mais por arroba. A qualidade está boa.” A área cultivada se manterá estável na próxima safra. Segundo Diehl, é preciso buscar mais qualidade para manter a boa remuneração.
Outro foco da família é a diversificação da lavoura de 12 hectares. Além de plantar aipim (duas mil caixas), colheram 1,2 mil sacos (20 quilos) de moranga, vendidos ao preço de R$ 12 a unidade. Nos três hectares onde cultivou o tabaco, Diehl semeou soja e colheu150 sacas. “Nada substitui a renda do fumo, mas é preciso ter mais de uma alternativa, caso uma falhe, a outra ajuda a amenizar as perdas na lavoura.”