O RS sedia pela primeira vez o Encontro Latino-Americano para as Pequenas e Médias Empresas Lácteas.
O evento ocorre entre hoje e sexta-feira, no Fundaparque, em Bento Gonçalves, organizado pela Associação das Pequenas Empresas de Laticínios do Rio Grande do Sul (Apil/RS) e Portal Lechero, do Uruguai.
De acordo com Cecília Agradi, diretora do portal, existe uma necessidade constante de qualificação, na busca de novas tecnologias, especialmente focadas nas pequenas e médias indústrias de laticínios. “Será um intercâmbio de ideias, modelos e experiências em que serão tratados a capacitação técnica, novidades tecnológicas, modelos de negócios e o associativismo”, enfatiza.
Em torno de 350 representantes de países da América Latina, além de especialistas referências mundiais em lácteos, participam das palestras e seminários. Conforme o presidente da Apil, Wlademir Pedro Dall’Bosco, esses encontros são fundamentais, pois permitem o acesso a informações de ponta, possibilitam intercâmbio e troca de soluções entre empresas e técnicos de vários países que enfrentam problemas comuns.
Hoje os associados da entidade fornecem 2,3 milhões de litros de leite por dia, o que representa 18% do total da produção gaúcha. Já em relação ao queijo, esse número chega a 65% de tudo o que é produzido no estado. São cerca de 14 mil propriedades em 280 municípios gaúchos, que geram 3,2 mil empregos diretos.
As edições anteriores do Encontro Latino-Americano para as Pequenas e Médias Empresas Lácteas ocorreram em Santa Fé, na Argentina, em outubro de 2013, e em Colonia Del Sacramento, no Uruguai, em agosto de 2014. Em paralelo, será realizada a 12ª edição da Envase Brasil.
Em torno de 200 empresas de 12 países e oito estados brasileiros apresentam tecnologias, máquinas, equipamentos, embalagens e processos para indústrias de bebidas e alimentos para os diversos segmentos das indústrias de bebidas: vinho e espumante, suco, cerveja, refrigerante, água mineral, lácteas, cachaça e destilados.
Oportunidade de negócio
Outro atrativo durante a feira e com foco no setor lácteo será o Espaço Queijos & Cia. O espaço foi idealizado para ser uma ferramenta de apresentação dos produtos dos associados da Apil.
Durante os quatro dias, o local recebe convidados dos setores da gastronomia, hotelaria, restaurantes, pizzarias e cozinhas industriais. O destaque é o happy hour de harmonizações de queijos com vinhos, espumantes, cervejas artesanais, drinks, cachaças e destilados.
Segundo o secretário-executivo Alexandre Rota, haverá a presença de grandes compradores de redes varejistas e de profissionais de gastronomia, o que deve trazer a possibilidade de abertura de novos mercados para os expositores.
“O melhor caminho é manter a mente aberta”
De acordo com o proprietário da empresa Intergiras, responsável por organizar viagens técnicas na área de leite, agro e gado de corte e coordenador do Portal Lechero, Roberto Bentancur, o encontro é importante para discutir as tendências de mercado e formas de agregar valor à matéria-prima.
A Hora – Quais os eixos e atividades principais do evento?
Roberto Bentancur – Temos como principal foco a formação técnica e a gestão empresarial, descobrir oportunidades de negócio e incentivar o associativismo.
Tendo em vista o momento vivido pela cadeia leiteira, qual a ajuda que este encontro proporciona aos produtores e empresários?
Bentancur – Será a oportunidade de os participantes discutirem problemas e realidades comuns às pequenas e médias empresas da América Latina, assim como atualizar informações e ter contato com novas ideias e experiências. Serão apresentados diferentes modelos de negócio de outros países, principalmente do México e da Argentina. Quando o momento é de dificuldades, o melhor caminho é manter a mente aberta para diferentes alternativas, trocando ideias, escutando relatos e revendo soluções.
Qual o panorama para o setor lácteo sul-americano?
Bentancur – A conjuntura atual é muito complexa. A crise interna dos países atinge o mercado interno e os baixos preços internacionais paralisam as exportações. O preço pago ao produtor está baixo e os custos de produção em alta, o que acaba sendo um coquetel explosivo e faz muitos abandonarem o negócio. O clima com efeitos do El Niño agrava a crise. As previsões apontam para uma lenta, mas gradativa melhora no segundo semestre de 2016 e em 2017. Este cenário beneficia as pequenas e médias empresas, porque seu produto chega ao consumidor sem muitos intermediários e valor mais acessível. Porém, o preparo, uma boa percepção do mercado e agilidade em negociar são aspectos imprescindíveis para se manter em épocas de crise.