O crescente número de mortes pela gripe A levou a Secretaria Estadual de Saúde a antecipar o lançamento da campanha contra gripe.
As vacinações iniciam a partir de segunda-feira. Dados do último relatório estadual sobre a doença, apresentado nessa sexta-feira, indicam 18 óbitos. Para iniciar a campanha de vacinação, o RS recebeu duas remessas do Ministério da Saúde.
Uma terceira está prevista para ocorrer antes do dia 30, quando ocorre uma mobilização nacional de imunizações. Com o estoque fornecido, algumas cidades, como Gravataí, na Região Metropolitana iniciaram a aplicação das vacinas nessa sexta-feira.
Até o fim da semana, as cidades do Vale do Taquari haviam recebido cerca de 40 mil doses. O valor corresponde a menos da metade das 92,7 mil previstas para a região na campanha 2016. Segundo o responsável pela 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, Vitor Hugo Gerhardt, as ações locais devem priorizar integrantes dos grupos de risco até a meta de 80% de imunizações ser atingida.
Segundo ele, apesar da ocorrência de mortes relacionadas à doença, o panorama da gripe é similar ao dos anos anteriores. Na região, cinco casos são investigados, mas ainda sem confirmação, de acordo com o coordenador.
Negligência é agravante
Ao todo, o RS contabiliza notificações de 593 casos de gripe. Desses, 44 foram confirmados e houve 18 mortes. Segundo a Secretaria da Saúde, o número é próximo ao registrado em 2012, que fechou com 67 mortes, e 2013, com 58. A diferença é a ocorrência antecipada dos casos.
Das 18 mortes contabilizadas no último relatório, 12 pessoas não haviam sido vacinadas em 2015. A maioria dos óbitos aconteceu em Porto Alegre (seis). Também houve registros em Novo Hamburgo, Flores da Cunha, Vacaria, Carazinho, Tapera, Uruguaiana, Erechim, Santa Rosa, Tucunduva, Arroio do Sal e Frederico Westphalen. Em apenas três casos, o paciente não fazia tratamento contra nenhuma outra enfermidade.
O número de óbitos ligados à falta de vacinação no ano passado deve gerar uma procura maior pelas imunizações, segundo a auxiliar de enfermagem de Lajeado, Caroline Schnorr. Para ela, o medo de possíveis reações causadas pela vacina é infundado. “É um mito. O vírus usado nela é inativado e não causa reações adversas.”
De acordo com a profissional, os dias com temperaturas mais elevadas na região reduzem o risco de contágio e são propícios para vacinação. Evitar locais fechados ou com aglomerações também é recomendado pela especialista. A atenção, afirma, deve ser redobrada no caso de gestantes devido às características da doença. No posto do centro, a vacinação será feita até as 19h.
Atendimento adaptado
Ações em diferentes municípios tentam facilitar o acesso às vacinas. No caso de Estrela, onde estão previstas 9,5 mil imunizações até o fim da campanha, a distribuição nos postos inicia na segunda-feira de manhã. Além dos seis pontos fixos, uma unidade móvel será usada para o atendimento na área rural.
Em Arroio do Meio, o atendimento em um espaço exclusivo foi mantido, como em anos anteriores. Uma sala foi construída ao lado da sala de vacinação, no posto do centro. Nela, as aplicações ocorrem em grupos de dez pessoas por vez, segundo senha distribuída no local.
Segundo o enfermeiro Rogério Nunes, além da ação nacional do fim do mês, a vacinação em horário estendido deve ocorrer nos dias 13 e 20. Neles, o serviço será prestado até as 19h. Com a repercussão da doença, ele percebeu o aumento da procura pelas vacinas há cerca de um mês.
Para Nunes, o cenário tem colaborado com a popularização do medicamento, porém, é preciso manter uma postura preventiva. “As doenças respiratórias ocorrem neste período, o que está mudando é a mentalidade das pessoas. A higiene com as mãos é importante para evitar autocontaminação. E isso não é só para gripe, mas para todas as doenças.”
Saiba mais
A forma mais comum de transmissão dos três tipos de vírus influenza são os aerossóis produzidos durante tosses ou espirros de pessoas infectadas. Os tipos A e B são indicados como os responsáveis pelas epidemias sazonais. No caso do primeiro, pandemias de grandes proporções. O C é limitado a infecções respiratórias consideradas brandas e não oferece risco à saúde pública.