Jeroen Visscher, geneticista faz 18 anos e responsável por todas as linhagens de poedeiras no mundo distribuídas pela empresa, afirma que o melhoramento animal tem sido fundamental nos últimos 60 anos para ampliar a produtividade. “Nossa meta é chegar à produção de 500 ovos por lote alojado em cem semanas. Em 1970 essa quantidade chegava a 250 unidades em 85 semanas.”
Tudo é feito por meio de um programa genético que precisa ser bem balanceado para manter o desempenho das linhagens, o que permite ao produtor ter aves de alta performance e, assim, estender o ciclo de produção.
O geneticista holandês visitou a granja Cageri, de Lajeado, para apresentar as tendências de mercado.
A Hendrix Genetics, com sede na cidade de Boxmeer – Holanda, é uma empresa líder em desenvolvimento genético primário de múltiplas espécies: aves de postura, perus, suínos, peixes e crustáceos. Oferece expertise e recursos para os produtores em mais de cem países, com operações e joint ventures em 24 nações e mais de 2,5 mil funcionários no mundo todo.
A Hora – Como é feita a escolha das linhagens?
Jeroen Visscher – Dentro de uma linha de animais, são sempre escolhidos os dez melhores exemplares. Aqueles com as melhores características – produtividade, viabilidade, comportamento, qualidade interna do ovo, da casca e a cor dela, além do consumo de alimentos. Com ajuda da tecnologia de informática, os dados de cada indivíduo são pesquisados e os melhores machos serão utilizados para se fazer o cruzamento e chegar à linhagem de descendentes que se busca obter. Em 1970, as aves produziam 250 ovos por ciclo (85 semanas). Até 2020, a nossa meta é produzir 500 ovos num ciclo de cem semanas sem fazer a muda forçada. É pelo melhoramento genético que alcançamos isso. Obter produtividade aliada a uma qualidade de casca significa dizer que a ave terá condições de esticar seu período de postura, nunca esquecendo também de cuidar da ambiência e da alimentação do plantel.
Este trabalho ajuda a aumentar a durabilidade do produto nas prateleiras?
Visscher – Geneticamente se trabalha a qualidade da casca. Ela é formada por paliçadas de cálcio. Nesses, existem poros e eles interferem com o intercâmbio de gases da parte interna com a externa do ovo. Pela genética, se consegue uma melhor uniformidade dessas paliçadas. Com a melhora da altura do albume, parte transparente do ovo, com certeza conseguimos aumentar em muito a durabilidade dos ovos nas prateleiras e teremos mais tempo para que o produto chegue ao consumidor final sem correr riscos de perdas, por exemplo quando exportamos o produto de um continente ao outro.
Como incentivar o consumo?
Visscher – É preciso trabalhar o marketing. A população vai crescer – eles precisam de um produto, de uma proteína que seja de baixo custo, totalmente nutricional como a do ovo. Ele é tão nutritivo que é capaz de produzir um pintinho. Já ficou comprovado que o colesterol do ovo não fica retido no sangue nem no organismo. Muito pelo contrário – comer um ovo por dia lhe mantém afastado do médico, diz um ditado americano. O produto é saudável e pode ser consumido em todas as fases da vida – criança, jovem, adulto e idoso – a propaganda será fundamental para elevar o consumo – destacar as qualidade nutricionais e saudáveis. O ovo não tem restrições religiosas como a carne suína e bovina. É um alimento fantástico – delicioso e nutritivo.
Perfil
Visscher se formou em 1997 como master scientist em Reprodução & Genética Animal na Universidade de Wageningen. É geneticista sênior, trabalha no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento P & D do Grupo Hendrix Genetics na Unidade de Negócio das Poedeiras ISA.