Ex-funcionários da Blip aguardam receber

Teutônia

Ex-funcionários da Blip aguardam receber

Fechada em 2011, empresa acumula dívidas trabalhistas e pendências jurídicas

Ex-funcionários da Blip aguardam receber
Teutônia
oktober-2024

Durante cerca de 20 anos, a fábrica de calçados Blip empregou duas mil pessoas nas filiais do Vale. Os primeiros sinais de crise, no ano 2000, resultaram na demissão de 400 funcionários sete anos depois. Sem conseguir encontrar saídas para melhorar as vendas, foi decretada a falência do negócio em 2011.

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O fechamento foi apenas um dos capítulos dos problemas financeiros encarados pela empresa, mas não o fim. As dificuldades já geravam demissões ao longo dos anos, tanto que em 2011 restavam apenas 150 trabalhadores no local. O encerramento das atividades, contudo, foi apenas o início da crise para os ex-empregados, que a partir de então começaram batalhas judiciais para receber os direitos.

Os processos judiciais se arrastam, fazendo com que ex-colaboradores se sintam desesperançados e traídos. É o caso de Josenei do Amarante Alves, que trabalhou por 17 anos na Blip. Demitido em 2009, afirma que a antiga empregadora lhe deve cerca de R$ 5 mil e relata a dificuldade em receber a quantia.

“Colocamos na Justiça em um mês deu a causa ganha. A Blip deu ciente que ia pagar em 15 dias, eu retornei para empresa na data marcada e eles sequer me receberam no portão”, relata Alves, que ainda considera ter tido sorte por voltar ao trabalho pouco tempo depois de deixar a fábrica. Sobre a expectativa de receber, mostra desconfiança. “Eu não tenho esperança, tu vai no sindicato e só pegam o telefone e endereço e nada.”

De todos os sentimentos, o que mais marca Alves é de frustração pelos anos dedicados à empresa. “Essa empresa era a minha segunda casa, ficava direto sábado e domingo e cheguei a fazer 150 horas extras no mês. A gente deu de tudo e no fim nós, os pequenos, não recebemos até agora”, desabafa o hoje servidor público que na época ganhava um salário e mínimo e meio por mês.

O caso de Alves não é o único, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Calçadistas de Teutônia (Siticalte), Roberto Müller, muitas pessoas ainda esperam ser pagas. “Em torno de mil trabalhadores de Teutônia, Encantado e um ou outro de Novo Hamburgo, que tem de receber” afirma Müller.

Complicações judiciais travam pagamentos

Segundo a contabilidade dos administradores da massa falida, as dívidas trabalhistas acumulam cerca de R$ 2 milhões. Os valores foram apresentados em audiência pública realizada no Fórum de Teutônia. Na época, a venda de máquinas foi apresentada como uma alternativa para quitação dos débitos.

Contudo, até o momento, o Siticalte não tem informação de funcionários que tenham recebido. Outra alternativa seria a venda do prédio onde a fábrica funcionava, mas um imbróglio jurídico ainda mais complicado impede essa alternativa.

O prédio, hoje abandonado e depredado, está avaliado em cerca de R$ 3 milhões, no entanto, a propriedade do local está dividida. Metade já está hipotecada para o pagamento das dívidas trabalhistas, e a outra parte pertence ao sogro de um dos sócios.

Com esse cenário, toda a situação não tem data para ser resolvida. Como ressalta Müller, “a situação está exclusivamente nas mãos da Justiça e do síndico da massa falida” afirma o presidente ao destacar que o sindicato pouco pode fazer pelos trabalhadores. Para piorar, por duas vezes, o prédio pegou fogo, queimando documentos guardados no local.

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