Outras Plumas incentiva literatura feminina

Lajeado

Outras Plumas incentiva literatura feminina

Programa do Sesc engloba leitura e debate sobre obras escritas por mulheres

Outras Plumas incentiva literatura feminina

O Leia Mulheres é um movimento internacional de clubes de leitura que evidencia a escrita feminina. O Sesc de Lajeado iniciou nesta semana o Outras Plumas, projeto que segue o formato da vertente mundial de valorização das mulheres escritoras.

A partir de agora, uma vez por mês, o grupo aberto à comunidade escolhe um livro para ler e debater na biblioteca do Sesc, em encontros realizados na penúltima segunda-feira de cada mês.

O projeto tem iniciativa da jornalista Letícia Martines e do professor de Literatura Augusto Darde. Conforme o professor, a ideia surgiu ao fazer referências bibliográficas para os alunos. “Minha namorada observou que não havia nenhuma mulher na lista o que me fez pensar muito a respeito.”

Darde conta que ao longo da história muitas mulheres estiveram na obscuridade, tanto em inventos científicos quanto em manuscritos e publicações, usando pseudônimos masculinos para seres legitimadas. “É preciso trazer escritoras que demonstram imenso talento e são desconhecidas.”

A obra escolhida deste mês foi de Virgínia Woolf – escritora, ensaísta e editora britânica, conhecida como uma das mais proeminentes figuras do modernismo. Orlando trata de vários tabus, tanto da sexualidade quanto da voz da mulher. “O livro é uma biografia ficcional cheio de elementos fantásticos e tem um lance de temporalidade interessante.”

A trajetória de Orlando se passa dos 16 aos 30 anos, mas remonta quatro séculos de história, desde a rainha Elizabeth I às primeiras décadas do século 20. O humor é outro elemento que atrai os leitores à obra.
Conforme Darde, a proposta é sair da experiência solitária da leitura para ir ao encontro de outros leitores e trocar experiências diferentes. “Por isso Outras Plumas: cada leitor é um pouco escritor da obra.”

Para sair da obscuridade

A jornalista Letícia Martines afirma que são poucas as obras femininas exigidas nas escolas, no vestibular ou nas premiações. “Temos menos mulheres protagonistas. Temos de equilibrar essa disparidade. O tratamento de igualdade deve ser praticado depois que as coisas estiverem equilibradas”.

Letícia ressalta que ainda hoje existe a prática de mulheres esconderem os nomes nas assinaturas literárias. Exemplo disso é a saga de Harry Potter. A escritora britânica Joanne Murray assinou as obras como J.K. Rowling, para que tivesse maior facilidade de divulgação e vendas.

“Começa na própria editora, orientando essa prática. É preciso refletir como a mulher está colocada no mercado de trabalho. Temos uma dívida grande com elas.” Segundo Letícia, a questão não é ter poucas mulheres escrevendo, mas são diminutas essas publicações, sendo ainda pouco valorizadas.

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