Aposentado pedala 384km para visitar família

Cruzeiro do Sul

Aposentado pedala 384km para visitar família

Alfredo Maldaner, 64, de Itapiranga, em Santa Catarina, no dia 3. Acompanhado do filho e do neto, chegou em Cruzeiro do Sul depois de cinco dias na estrada

Aposentado pedala 384km para visitar família
Vale do Taquari

Apesar da descrença dos familiares, Alfredo Maldaner, 64, cumpriu com sua palavra. Há 25 anos, afirmava que iria de bicicleta até Cruzeiro do Sul, sua cidade natal. Morador de Itapiranga (SC), pedalou 384 quilômetros até a localidade de Linha Nova.

Acompanhado do filho Elisandro, 35, e do neto Lucas, 17, saiu no dia 3. Durante cinco dias, fez quatro paradas para pernoite. Antes da saída, o pai de Lucas, Evandro, 39, ficou responsável pela manutenção e revisão das bicicletas.

Para fazer a aventura, as “magrelas” foram melhoradas, com a instalação de suportes para equipamentos, água e comida. Na bagagem, além de roupas, ferramentas e um secador de cabelos, para secar as roupas em caso de chuva.

O grupo também levava uma bomba para encher os pneus, além câmaras reservas, peças para freios e remendos. O kit foi usado pelo menos quatro vezes para consertar furos. Com ajuda da internet, Elisandro projetou o roteiro do grupo em mapas feitos à caneta.

A saída, às 7h do domingo, foi acompanhada por familiares e amigos. Antes de dedicar parte das férias à aventura do pai, ele não pedalava havia sete anos. “Só andava mais quando era criança, aprendi um pouco de mecânica, mas nosso especialista sempre foi meu irmão”, brinca.

Logo no primeiro dia, o grupo percorreu 95 quilômetros. No segundo, a troca dos pneus limitou o deslocamento a 75 quilômetros. Ao todo, foram quatro paradas durante a viagem. Boa Vista das Missões, no norte gaúcho, foi o primeiro paradouro dos ciclistas.

Eles também se hospedaram em Sarandi, Tio Hugo e São José do Herval. Sem barracas, o grupo preferia viajar durante o dia e aproveitar as noites para descansar e se comunicar com os familiares em Santa Catarina e em Cruzeiro do Sul.

Ainda em Itapiranga, a mulher de Alfredo, Marta, 57, atualizava os vizinhos e amigos. Muitos, afirma, duvidavam da viagem. Ela mesma via a aventura com desconfiança e temia pela segurança do marido. Depois da adesão, ficou um pouco mais confiante. “Eu dizia que isso era loucura, mas quando o filho e o neto disseram que iam, aí entreguei nas mãos de Deus.”

Em uma Monark 1976

Nascido em Linha Nova, Alfredo se mudou para a cidade catarinense em 1969. Como trabalhador da construção civil, teve a bicicleta como alternativa de transporte no dia a dia, mas nunca em uma rota tão longa. Apesar da vontade de percorrer o trecho com a bicicleta manual, cedia ao receio da mulher e dos e adiava a viagem.

Aos 64 anos, ele não descarta repetir a viagem, caso tenha companhia. “Foi muito divertido para todos, conhecemos muitos lugares. Algumas pessoas brincavam, dizendo que estávamos loucos de fazer isso.” Para tirar o projeto da imaginação, ele resolveu utilizar sua Monark 1976.

Bicicleta sem marchas, o veículo passou por adaptações. Ganhou freios manuais. Até a viagem, o comando era limitado ao contrapedal. O ajuste, garante, foi provisório devido à maior segurança. Apesar disso, pretende retomar o modelo antigo após o retorno para casa.

Durante o trajeto, Alfredo ia à frente do filho e do neto e, com isso, demandava mais manutenção. Segundo ele, a calma e o companheirismo durante o roteiro foram fundamentais para o sucesso do projeto. Nele, pontos de descanso, unidades da Polícia Rodoviária e divisas de municípios eram registrados e compartilhados entre os familiares.

Recepção local

Enquanto os ciclistas finalizavam o trajeto, Marta chegava em Linha Nova para se juntar aos outros familiares para uma recepção especial. Segundo a prima de Alfredo e moradora da localidade, Tânia Nonnenmacher, 44, as trocas de visitas entre eles são anuais.

Ela ficou sabendo do projeto do primo no dia da saída. Para receber o grupo, organizou faixas e troféus para reconhecer o esforço dos familiares. Apesar de conhecer a vontade de Alfredo, a decisão causou surpresa na localidade. “Ninguém acreditava que iria viria assim, mas era um sonho dele.”

Aposentado Alfredo Maldaner havia prometido fazer a aventura há 25 anos

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