As dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo estadual atingem programas da agricultura familiar. Um deles é a distribuição gratuita de doses da vacina contra a febre aftosa.
Neste ano recebem o benefício apenas produtores com até dez animais, enquadrados no Pronaf e PecFam. No ano passado, as doses eram concedidas para quem tinha até 30 cabeças de gado.
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De acordo com o secretário da Agricultura, Ernani Polo, o RS é o único a doar a vacina. “O importante é a conscientização do produtor”, diz, acrescentando que o grande desafio é o de ações para fortalecer o sistema de defesa sanitária. A meta é retirar a vacina em 2020.
As 900 mil doses existentes contemplarão 38% dos pecuaristas, segundo a Agricultura. A campanha de imunização vai até o dia 31 de maio. Nesta etapa, todos os bovinos e bubalinos precisam receber a dose, quase 14 milhões de animais.
Na Inspetoria Veterinária de Lajeado, que abrange mais oito municípios, serão vacinadas 61.478 mil cabeças. Faz 14 anos que o Estado é considerado livre da doença – último foco foi registrado em 2001.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) critica a medida e teme pela falta de vacinas nas agropecuárias. “O governo descumpriu a promessa. Ganhou a liminar da dívida com a União, aumentou os impostos e mesmo assim corta programas da agricultura”, lamenta Carlos Joel da Silva, presidente da entidade.
Outra preocupação é quanto à continuidade do Programa Troca-troca de Sementes de milho e forrageiras. Sementeiras, sindicatos e cooperativas ainda aguardam por recursos da edição passada.
Os dois setores – pecuária e agricultura, juntos, representam 45% do PIB. A manutenção dos programas voltados à agricultura familiar será discutido nos dias 19 e 20 com os coordenadores das 23 Regionais Sindicais. “Haverá mobilização para o Grito da Terra. Não aceitaremos perder as conquistas alcançadas nos últimos anos.”
Rogério Kerber, presidente do Fundesa, afirma que “ a vacinação contra a aftosa é um compromisso do setor privado, sempre foi. Todos têm o compromisso de cumprir com esta tarefa e contribuir para a avanço do status sanitário.”
Estoque maior
O gerente de compras da Associação Rural de Lajeado, Vilson Hofstaetter, estima um aumento de 25% nas vendas devido à mudança. Serão adquiridas 50 mil doses, em torno de 20 mil a mais do que no ano passado. Cada frasco (dez doses) deverá custar cerca de R$ 18, o mesmo valor cobrado há dois anos.
Hofstaetter garante a oferta da vacina. “Estamos preparados para atender a demanda. Na edição passada, faltaram doses por uma hora apenas na loja.” A Arla atende prefeituras e produtores dos 36 municípios da região. Além da vacina contra febre aftosa, oferece uma linha completa de medicamentos para veterinários.