A direção do Presídio Estadual de Lajeado toma uma atitude drástica para evitar um surto do vírus H1N1 na cidade.
Desde ontem, todas as visitas aos detentos estão suspensas. A medida segue, pelo menos, até domingo. A decisão foi tomada após 83 presos apresentarem os sintomas da gripe A e dois agentes penitenciários serem afastados com a mesma suspeita. Máscaras também foram distribuídas como forma de prevenção.
Entre os servidores afastados, está a administradora do presídio, Jacinta Hammes Matte. De acordo com o diretor-substituto, David Horn, as medidas foram adotadas em virtude do grande risco de contágio do vírus. “Conversamos com os detentos e eles próprios concordaram em suspender as visitas. Como qualquer outra pessoa, têm receio de que suas famílias fiquem doentes também.”
As visitas estão suspensas até domingo, informa o chefe de segurança, Éberson Bonet, pois no fim de semana os detentos recebem mulher e filhos. “Não podemos correr o risco de deixar que uma grávida ou então uma criança seja contaminada, repassando o vírus no trabalho ou na escola”, complementa Horn.
Durante o período de suspensão das visitas, familiares que tiverem interesse de repassar algum dos itens permitidos de ingresso na penitenciária, como produtos de higiene pessoal, devem se apresentar na portaria. Os materiais são recebidos pelos agentes, revistados e então entregues ao preso. “Não permitimos o contato direto entre o visitante e o detento”, aponta Bonet.
A condição no presídio se agravou ao longo do dia de ontem. Pela manhã, dois detentos tomavam o medicamento Tamiflu. Ambos fizeram exames, mas o resultado demora entre 20 e 30 dias. Enquanto isso, com os médicos tendo quase certeza da contaminação, decidiram iniciar o tratamento. Outros 12 presos estavam com suspeita, todos colocados em cela separada.
No fim da manhã, a direção solicitou levantamento de quem apresentava sintomas semelhantes aos do H1N1.
Por volta das 15h, o resultado foi entregue a Horn. Eram 43 detentos com suspeita na galeria B e outros 26 na galeria A. Em virtude do elevado número, foi solicitado ao Judiciário a suspensão das audiências.
Tratamento médico
Com base em orientação médica, as celas recebem maior ventilação e os presos com quadro mais grave estão sendo encaminhados para a UPA, no bairro Moinhos D’Água. “Mesmo não tendo certeza ainda, estamos adotando todas essas medidas para evitar problemas maiores”, aponta o diretor-substituto.
Ontem, a direção solicitou ao município e à Coordenadoria Regional da Saúde (CRS) a cedência de uma médico exclusivo para atender os pacientes na penitenciária, evitando assim todos os transtornos decorrentes da escolta até a UPA.
“Vamos ver se conseguimos esse médico aqui para atender todos, até porque a tendência é que o número aumente.” A superlotação agrava a situação, ressalta Horn. “No mínimo triplica a possibilidade de o vírus se alastrar.” Com capacidade para 122 detentos em regime fechado, tem mais de 350.
Uso de máscaras
O número de pessoas doentes motivou o uso de máscaras por parte dos agentes penitenciários. Ontem à tarde, a grande maioria usava o acessório para exercer as funções internas, em especial em locais de pouca circulação de ar.
Seguindo recomendação médicas, todos os detentos com sintomas de gripe A também receberam máscaras.
RS recebe 950 mil doses da vacina
A Secretaria da Saúde do Estado (SES) confirmou, ontem, a quinta morte por gripe A neste ano. A vítima é de Erechim. Em decorrência do fato, o município iniciou a vacinação com as doses já recebidas. As outras mortes ocorreram em Arroio do Sal, Flores da Cunha e Porto Alegre (duas).
De acordo com o boletim da SES, são dez casos confirmados no RS. Nenhuma das ocorrências no Vale do Taquari, que deve iniciar a campanha de vacinação no dia 25. O governo recebeu nesta semana 950 mil doses da vacina contra o vírus H1N1, distribuídas de forma proporcional ao número de habitantes para as coordenadorias regionais. O número representa 25% do total previsto para o estado.
As prefeituras têm autonomia para decidir o início da aplicação das doses, porém, a SES orienta o começo da vacinação a partir do dia 25. Dessa forma, o governo teria condições para ampliar o número de unidades, evitando a interrupção do serviço nos postos.
Ao todo, 3,5 milhões de gaúchos estão nos grupos prioritários para receber a vacina. São crianças entre 6 meses e 5 anos, gestantes, mulheres até 45 dias após o parto, pessoas com 60 anos ou mais, com doenças crônicas respiratórias, do coração, com baixa imunidade, entre outras, trabalhadores da saúde, indígenas aldeados e presos.
Os sintomas da gripe A são semelhantes aos de uma gripe comum, com febre repentina acima de 38º. Em alguns casos, pode haver vômitos e diarreia.
