Projeto visa recuperar Arroio Saraquá

Vale do Taquari

Projeto visa recuperar Arroio Saraquá

TAC prevê recomposição de árvores nativas e monitoramento da qualidade da água

Projeto visa recuperar Arroio Saraquá
oktober-2024

Um dos mananciais mais poluídos do RS, o Arroio Saraquá, precisa de uma série de ações para se recuperar. Um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC), entre o Ministério Público de Lajeado e o município de Santa Clara do Sul, estipula iniciativas necessárias.

O TAC será assinado amanhã, quando também inicia a fase de execução dos projetos. Estão incluídos o levantamento ambiental, o monitoramento do recurso hídrico, ações de educação, medidas de preservação das Áreas de Proteção Permanente (APPs) e de recomposição dos locais.

Realizada em 2012, a primeira parte do projeto consistiu no diagnóstico das APPs de Santa Clara do Sul. Nessa etapa, toda a extensão do manancial foi dividida em setores. Após, foram definidas as medidas necessárias para amenizar os impactos e promover a recuperação do ambiente.

Cada proprietário de terreno identificado deve firmar um termo. Em um primeiro momento, serão 29, todos do setor 1, localizado à esquerda do Saraquá, na divisa com Lajeado.

Com residência a cerca de 30 metros do córrego, Nelson Matthes convive com o Saraquá faz mais de 20 anos. Morador do Loteamento Santa Clara, diz que a poluição do local é percebida pelo cheiro, principalmente nos dias com menor correnteza.

“Acho importante a realização de projetos para limpar o arroio, não sei se serão efetivos porque a cidade cresce cada vez mais”, ressalta. Segundo ele, quanto maior o número de casas instaladas próximo ao manancial, mais esgoto é despejado no curso d’água, devido à falta de tratamento.

Estudo aponta riscos

O Arroio Saraquá foi tema do trabalho de conclusão do curso do engenheiro ambiental Roger Franz, na Univates. Realizado no ano passado, o estudo analisou a composição química e microbiológica da água e apontou a presença de micro-organismos causadores de doenças.

Sob orientação do professor Rafael Rodrigo Eckhardt, Franz realizou coletas em cinco pontos do curso d’água. Três deles apresentaram resultados considerados críticos, todos bem próximos ao centro de Santa Clara do Sul, nos trechos que perpassam as ruas 7 de Setembro, Alberto Schabbach e José Francisco Allgayer. “A pior situação ocorre na Alberto Schabbach, onde em todas as amostragens o resultado foi de 160 mil coliformes termotolerantes a cada 100 ml de água”, aponta.

Conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), um manancial com mais de 2,5 mil coliformes a cada 100 ml já é considerado impróprio para banho.

Conforme o estudo, a origem e as causas da poluição do Saraquá estão associadas à urbanização em torno do manancial. A pesquisa indica o lançamento de esgoto sanitário e efluentes de indústrias e comércios de pequeno porte na água.

Franz explica que o centro do município tem áreas úmidas onde o nível da água fica próximo da superfície. Por isso, muitas fossas acabam inundadas. “Existem muitos ‘ladrões’ feitos nessas fossas, ligados diretamente no canos pluviais que levam a chuva até o arroio.”

Para ele, a solução para o problema seria tratar ao menos o esgoto da área central da cidade. Porém, ainda não existe uma estação para esse fim. “Na minha infância, era um dos lugares onde brincávamos e pescávamos sem medo, algo que não pode ser cogitado hoje.”

Limpeza voluntária

O grupo Juventude Santa-Clarense promove neste domingo, 17, ação voluntária no Arroio Saraquá. Previsto para ocorrer no dia 10, o evento foi transferido devido ao mau tempo.

A iniciativa começa às 8h e parte de dois pontos distintos, um deles na rua Padre José Afonso Weiler, via de acesso à empresa Artefatos de Cimento Wickert, e a outro na rua José Francisco Allgayer, ao lado do Clube Esportivo.

Os dois grupos recolherão o lixo encontrado nas marges do manancial no trajeto até o local de encontro, nas proximidades da Calçados Beira Rio. O material recolhido passará por uma triagem para ser destinado da forma correta.

A organização disponibilizará varas com ganchos para facilitar a coleta dos resíduos. Voluntários devem usar calça comprida, sapato fechado e luvas. Em cada grupo, haverá uma pessoa responsável por abrir caminho para dar mais agilidade à caminhada.

Os coordenadores da atividade esperam reunir cerca de 30 pessoas. De acordo com um dos organizadores, Vanderson Stoll, a intenção é identificar os principais poluidores do arroio para elaborar uma estratégia mais eficaz em segunda edição do mutirão, prevista para o início de 2017.

Acompanhe
nossas
redes sociais