A Orquestra de Teutônia rejeitou a proposta de convênio com o município. Com mais de 30 anos de atuação, o grupo responsável por representar a cidade em mais de mil apresentações nacionais e internacionais recusou os R$ 10,5 mil ofertados pela administração municipal pelo período de março a setembro deste ano.
Em nota assinada pelo maestro Astor Jair Dalferth e pelos músicos, o grupo critica o município alegando descaso e desinteresse em relação ao trabalho desenvolvido, além de desrespeito com a história da orquestra.
Conforme a nota, os problemas começaram ainda em 2012, após as eleições municipais. Antes do pleito, a organização abriu espaço para os dois candidatos abordarem o convênio. “Ambos elogiaram o trabalho e concordaram em manter a parceria nos moldes propostos pela orquestra.”
Porém, segundo a entidade, após aquele ano, a administração cortou quase metade dos valores repassados, alegando seguir recomendações informais do Tribunal de Contas do Estado. “Esse fato originou revolta, pois desde a criação da então ‘Banda Municipal de Teutônia’, em 1983, os músicos recebiam mensalmente o valor de um salário mínimo.”
Conforme o grupo, a partir de 2013, a administração parou de repassar os valores no mês de janeiro, causando ainda mais desconforto. Em 2016, além de não pagar as parcelas de janeiro e fevereiro, o município propôs um convênio com duração de sete meses, entre agosto e setembro.
“Para nós isso passou dos limites e foi um golpe duríssimo a ponto de chegarmos a essa decisão”, alegam. Os representantes da orquestra asseguram a continuidade das apresentações em outras cidades, dando prosseguimento à divulgação de Teutônia por meio da música.
Recurso suficiente
O prefeito Renato Altmann lamentou o fim do convênio e o posicionamento da orquestra. Segundo ele, a redução do repasse mensal de R$ 16,5 mil para R$ 10,5 mil surgiu após uma conversa com um auditor do TCE. “Sugeriu a revisão por considerar elevados os repasses.”
Conforme o prefeito, caso o valor se mantivesse e fosse corrigido pelo IPCA, o gasto chegaria a R$ 23 mil por mês. “Se pegarmos uma conta simples, multiplicarmos esse montante por 12 meses, estaríamos falando de cerca de R$ 1,1 milhão em quatro anos.”
Com relação ao tempo de convênio, afirma que o contrato poderia ser prolongado até o fim do ano caso as receitas estimadas para o município fossem confirmadas. “Parcerias nos mesmos moldes foram firmadas com o grupo 25 de julho e Hospital Ouro Branco (HOB).”
Altmann ressalta a crise financeira nacional e estadual para justificar a proposta apresentada. Conforme o prefeito, em anos anteriores, o cenário era mais favorável e permitia maiores investimentos. “Na situação atual, nenhum município ofereceria mais.”
De acordo com o chefe do Executivo, a redução dos repasses estaduais ao HOB obrigaram o município a ampliar os aportes à entidade. Da mesma forma, a redução dos recursos estaduais na área da segurança pública fizeram a administração se prontificar a construir uma nova sede para a Brigada Militar. “Quero terminar o ano com as contas aprovadas.”
O prefeito se mostrou incomodado pelo fato de o grupo aceitar o convênio de R$ 10,5 mil em 2015 e recusar a parceria neste ano. “O valor era razoável por mês, mas, se não aceitaram, paciência. Vamos investir a verba em outras áreas como a orquestra jovem, por exemplo.”
Indicadores positivos
Na nota publicada pela orquestra, o grupo critica e reclama ainda das projeções positivas nos indicadores econômicos divulgadas pelo município em eventos públicos e prestações de contas. “A cultura, muito difundida através do canto coral e pela reconhecida orquestra, parece que ficou ‘de lado’.”
Conforme a entidade, os convênios com as entidades e associações culturais sofreram cortes nos repasses, dificultando o pagamento das despesas e a continuidade dos trabalhos. “Torcemos para um melhor planejamento, entrosamento e valorização a partir de 2017.”
Em 33 anos de trajetória, a Orquestra de Teutônia apresentou mais de mil espetáculos, ganhou prêmios e lançou seis CDs e dois DVDs, todos gravados sem recursos municipais.
