“O PM não devia ter atirado para matar”, critica mãe de frentista

Encantado

“O PM não devia ter atirado para matar”, critica mãe de frentista

Família de José Carvalho Neto protestou contra BM no sábado

“O PM não devia ter atirado para matar”, critica mãe de frentista
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Familiares, amigos e colegas de trabalho protestaram no sábado de manhã pela morte do frentista José Carvalho Neto, 29.

Ele foi morto no dia 22 de janeiro, em Roca Sales, quando foi confundido com um criminoso e atingido na cabeça por um disparo de arma de fogo efetuado por um policial. Os inquéritos abertos pela Polícia Civil e Brigada Militar (BM) pararam na perícia balística.

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O manifesto ocorreu um dia depois da morte de Jair Wolschick, também atingido por disparos feitos por policial. (veja no boxe).

Cerca de cem pessoas se reuniram em frente ao posto de combustíveis onde o frentista foi morto. Fizeram passeata até o comando da polícia na cidade e retornaram. Em seguida, foram ao quartel da BM de Encantado, onde atuava o PM que atirou em Neto.

De acordo com a mãe do frentista, Loni Terezinha Brito, 49, a manifestação quis relembrar o episódio e cobrar uma posição do Judiciário. “Queremos mostrar que estamos lutando contra uma coisa que acontece muito. Esses policiais deveriam ser melhor preparados,” aponta.

“Sempre tive muito receio por ele trabalhar até tarde, mas ele me tranquilizava dizendo que os policiais passavam horas lá fazendo companhia, tomando chimarrão. Mas justamente foi morto por um PM.”

Segundo ela, seu filho tentava proteger um policial à paisana que havia sido agredido. “Como só tinha um PM em Roca Sales, meu filho chamou reforço de Encantado. No momento em que a viatura chegou, houve um disparo. O PM não deveria ter atirado para matar. Que fosse em outro lugar do corpo, ou então para o alto, mas não na cabeça.”

Perícia demora e trava inquéritos

O policial responsável pelo disparo está afastado por licença médica, expedida por uma psicóloga.  Logo após o episódio em que Neto foi morto, a BM instaurou inquérito policial militar para apurar as circunstâncias do fato.

Segundo o comandante CRPO-VT, coronel Humberto Teixeira, todos os levantamentos foram realizados. Resta o resultado da perícia balística, exame que confirmará se o projétil achado no corpo partiu mesmo da arma do PM.

Na mesma condição está o inquérito aberto pela Polícia Civil. As investigações iniciadas pelo delegado Silvio Huppes estão com o delegado João Selig. Resta incluir o resultado da perícia balística. “Só aguardamos isso para remeter o inquérito, embora todas as circunstâncias estejam bem claras”, diz Selig. Não há prazo para que o IGP envie o resultado do exame.

Relembre o caso

Eram cerca de 3h. Neto atendia no posto de combustíveis, junto à rotula principal da cidade, quando o PM à paisana, que costumava frequentar o local, chegou para tomar um chimarrão com o frentista. Em outro ponto do estabelecimento, um grupo de amigos estava reunido.

Em determinado momento, o PM e um casal começaram a discutir. O bate-boca se transformou em luta corporal. A mulher foi derrubada pelo PM e seu companheiro quebrou um copo de cerveja, provocou um corte no pescoço do policial, e correu para o outro lado da rua. Sangrando, o militar buscou uma arma guardada no carro e perseguiu o homem.

Da rua, disparou em direção ao companheiro da mulher, escondido na sacada de uma residência. Na sequência, deixou o armamento cair e novamente entrou em luta corporal com o homem. Segundo testemunhas, o PM desmaiou e o agressor fugiu. Nesse momento, o frentista segurou a arma, rendeu a mulher e chamou socorro de Encantado. Após a chegada da viatura, foi morto. O casal envolvido nas agressões foi preso, na época, por tentativa de homicídio.

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