A verba enviada pelo Estado à Escola Estadual Otília Corrêa de Lima é insuficiente para manutenção da infraestrutura. As ações comunitárias, promovidas pelos professores, pais e alunos, fazem com que o educandário se torne quase autossustentável.
A venda de cachorro-quente iniciou faz seis anos. Teve uma pausa de dois anos e em 2015 voltou à ativa sendo realizada a cada três meses. O mutirão foi absorvido pela comunidade local e os resultados da ação apareceram no ambiente escolar.
Com os fundos angariados pela ação comunitária, foi possível reformar os banheiros, trocar o toldo e melhorar a pracinha. Agora, as salas de aula têm ar-condicionado e os valores foram angariados pelo voluntariado.
Segundo a diretora Maristela Demarchi Secco, a postura da escola diz respeito à formação do caráter dos alunos. “É um trabalho de conceito, que reúne a comunidade e dá uma aula de cidadania.” De acordo com a diretora, não fosse a venda de cachorro-quente, faltaria até papel higiênico nos banheiros.
Mãe de quatro alunos – dois deles já formados – Fernanda Hammes, 58, tinha a missão de vender 20 cartões. Dez para cada filho matriculado. Ela, entretanto, vendeu 105. O trabalho de divulgação na comunidade já estava feito. “Compram porque sabem que dá resultado”.
Fernanda pediu dispensa do serviço para ajudar no mutirão da escola. “Gosto de ajudar e preciso da escola, meus filhos estão aqui. É o meu dever contribuir.”
Autogestão comunitária
No fim do ano, a escola completa 50 anos de fundação. Desde 2009, lutava para ter o turno integral e em fevereiro deste ano implementou o sistema. Agora, a partir do 1o ano, os estudantes podem entrar de manhã e sair à tardinha.
Segundo a diretora, a conquista veio com muita luta. Conforme a vice-diretora Rozangela Kniphoff da Cruz, a realidade da região é diferente de Porto Alegre. Afirma que muitas diretoras esperam tudo do governo.
Ressalta que é importante engajar todos os setores da sociedade em prol da educação. “Não adianta os grandes empresários cruzarem os braços e não fazerem nada. No futuro, essas mesmas crianças longe da escola podem se tornar os marginais que tanto temem”, conclui.