Escola vende lanche para manutenção básica

Lajeado

Escola vende lanche para manutenção básica

Diante da ausência do Estado, comunidade escolar faz mutirão para buscar recursos

Escola vende lanche para manutenção básica
oktober-2024

A verba enviada pelo Estado à Escola Estadual Otília Corrêa de Lima é insuficiente para manutenção da infraestrutura. As ações comunitárias, promovidas pelos professores, pais e alunos, fazem com que o educandário se torne quase autossustentável.

A venda de cachorro-quente iniciou faz seis anos. Teve uma pausa de dois anos e em 2015 voltou à ativa sendo realizada a cada três meses. O mutirão foi absorvido pela comunidade local e os resultados da ação apareceram no ambiente escolar.

Com os fundos angariados pela ação comunitária, foi possível reformar os banheiros, trocar o toldo e melhorar a pracinha. Agora, as salas de aula têm ar-condicionado e os valores foram angariados pelo voluntariado.

Segundo a diretora Maristela Demarchi Secco, a postura da escola diz respeito à formação do caráter dos alunos. “É um trabalho de conceito, que reúne a comunidade e dá uma aula de cidadania.” De acordo com a diretora, não fosse a venda de cachorro-quente, faltaria até papel higiênico nos banheiros.

Mãe de quatro alunos – dois deles já formados – Fernanda Hammes, 58, tinha a missão de vender 20 cartões. Dez para cada filho matriculado. Ela, entretanto, vendeu 105. O trabalho de divulgação na comunidade já estava feito. “Compram porque sabem que dá resultado”.

Fernanda pediu dispensa do serviço para ajudar no mutirão da escola. “Gosto de ajudar e preciso da escola, meus filhos estão aqui. É o meu dever contribuir.”

Autogestão comunitária 

No fim do ano, a escola completa 50 anos de fundação. Desde 2009, lutava para ter o turno integral e em fevereiro deste ano implementou o sistema. Agora, a partir do 1o ano, os estudantes podem entrar de manhã e sair à tardinha.

Segundo a diretora, a conquista veio com muita luta. Conforme a vice-diretora Rozangela Kniphoff da Cruz, a realidade da região é diferente de Porto Alegre. Afirma que muitas diretoras esperam tudo do governo.

Ressalta que é importante engajar todos os setores da sociedade em prol da educação. “Não adianta os grandes empresários cruzarem os braços e não fazerem nada. No futuro, essas mesmas crianças longe da escola podem se tornar os marginais que tanto temem”, conclui.

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