Consumo de doce aumenta e casos de diabetes disparam

Excesso de açúcar

Consumo de doce aumenta e casos de diabetes disparam

Pesquisa do Ministério da Saúde, publicada na quinta, alerta para cuidados na alimentação

Consumo de doce aumenta e casos de diabetes disparam
oktober-2024

O aumento na incidência de diabetes preocupa autoridades da saúde. Pesquisa do Ministério da Saúde divulgada na quinta-feira, 7, aponta o crescimento no consumo de doces no Brasil, um dos principais fatores para o desenvolvimento da doença.

Conforme o estudo, intitulado Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (Vigital 2015), 28,5% da população entre 18 e 24 anos ingere níveis de açúcar acima do recomendado. Na mesma faixa etária, 30% da população costuma beber refrigerantes diariamente.

O levantamento aponta crescimento do diabetes. Em 2006, 5,5% da população brasileira tinha a doença. Em 2015, o percentual passou para 7,4% da população. Porto Alegre é a segunda capital do país com maior índice, com 8,7%.
Nos 37 municípios abrangidos pela 16 ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS), foram registradas 307 internações por diabetes no ano passado. Entre 2010 e 2014, mais de 500 pessoas morreram no Vale do Taquari em decorrência de complicações da doença.

O combate ao diabetes é um das principais bandeiras da Organização Mundial da Saúde (OMS), que organizou o relatório global sobre o tema. De acordo com a OMS, o número de diabéticos quadruplicou entre 1980 e 2015. Hoje, a doença atinge cerca de 422 milhões de pessoas no mundo e cerca de 16 milhões no Brasil.

Mudança na rotina

A advogada Cátia Kist, 27, estava em um intercâmbio na Irlanda quando começou a sentir sintomas como cansaço, boca seca, visão embaralhada e aumento na quantidade de urina. Ao pesquisar na internet, desconfiou que poderia se tratar de diabetes.

“Tenho histórico da doença na família. Minha avó materna tem diabetes tipo 1 e os irmãos dela tipo 2”, ressalta. Cátia procurou um médico e um exame de urina confirmou a suspeita. Ela ficou internada por dez dias para iniciar os tratamentos com insulina, testes de glicose e alimentação adaptada.

Depois de receber alta, Cátia passou por grandes mudanças na rotina. No início, passou a medir os níveis de glicose pelo menos três vezes ao dia. Também aplicava dois tipos diferentes de insulina cinco vezes por dia. “Sempre pratiquei exercícios físicos, o que ajuda no tratamento.”

Ainda na Europa, Cátia integrou estudos da universidade de Cambridge, na Inglaterra, sobre uma nova droga que age mais tempo no organismo, reduzindo o número de injeções. Ao retornar ao Brasil, em dezembro de 2013, buscou orientações com um endocrinologista.

“Busquei uma alimentação mais saudável aliada à atividade física. Perdi peso, mas não por uma questão de estética e, sim, por saúde”, ressalta. Hoje, mantém contato com diabéticos de todo o país para troca de informações sobre novas pesquisas e opções de tratamento.

“Fiz amizades com as quais converso diariamente sobre o tema. As pessoas que têm a doença costumam pesquisar muito e trocar informações entre si”, relata. Segundo ela, os especialistas que conheceu na Europa apontam o Brasil como um dos países de estudos mais avançados sobre diabetes.

Hábitos alimentares

As mudanças nas refeições estão entre os principais desafios enfrentados por quem convive com a doença. Conforme Cátia, antes de receber o diagnóstico, é difícil ter uma ideia precisa dos alimentos permitidos ou que devem ser evitados.

“Recentemente descobri que qualquer farinha, seja ela branca ou integral, é mais prejudicial que o açúcar”, exemplifica. Segundo ela, hoje existem muitas opções de dietéticos no mercado, mas ressalta que o excesso desses produtos pode ocasionar problemas renais.

“Também aprendi que não podemos deixar de viver por causa das restrições”, destaca. Conforme Cátia, se a vontade de comer um doce for muito grande, é possível tomar uma determinada quantidade de insulina antes do alimento.
“A cada dez gramas de carboidrato no alimento, preciso tomar uma unidade de insulina, mas depende de cada pessoa”, relata. Para controlar a ingestão correta, Cátia adquiriu o hábito de ler os rótulos de todos os produtos comprados.

A advogada considera a rotina acelerada como um dos principais problemas das pessoas na hora de montar as refeições. “Acabam comendo sempre a mesma coisa e deixando de lado as opções saudáveis.”

Há cerca de seis meses, ela decidiu se tornar vegetariana. Hoje, planta vegetais em casa e cultiva mudas de estévia para extrair adoçante natural. Para Cátia, todas as mudanças devem ser encaradas como uma questão de costume. “Estudos mostram que se seguirmos um hábito por 21 dias ele se torna comum.”

Complicações diminuem

Apesar do avanço do diabetes no país, os problemas relacionados à doença sofreram redução nos últimos cinco anos. Conforme a pesquisa do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2015, o número de complicações provocadas pelo diabetes caiu 11,5%.

No Vale do Taquari, no ano passado, foram registradas 67,1 internações para cada grupo de cem mil habitantes. Em 2010, o número chegava a 75,9. A complicação mais frequente da doença é conhecida como “pé diabético” e ocorre quando uma área machucada desenvolve feridas.

Cerca de 20% das internações ocorrem por lesões nos membros inferiores e 85% das amputações são precedidas de feridas. O Ministério da Saúde recomenda cuidados básicos, como a procura diária por feridas, bolhas ou áreas avermelhadas nos pés e verificar a ocorrência de dormências.

Outra orientação é com relação à escolha de sapatos adequados. Conforme o ministério, pacientes com diabetes devem usar apenas calçados macios, leves e moldados de acordo com o formato dos pés. No ano passado, foram contabilizadas 137,4 mil internações por agravos do diabetes.

A mortalidade de pacientes com menos de 70 anos também caiu, em média, 2,5% ao ano desde 2000. Mesmo assim, mais de 58 mil pessoas morreram em 2014 devido à doença. No Vale do Taquari, 330 mulheres e 182 homens foram a óbito entre 2010 e 2014.

Medicamentos
Conforme dados do Vigitel, 87,2% da população com diagnóstico de diabetes utiliza medicamento para controlar a doença. O tratamento com insulina e outros remédios, além de reagentes para o monitoramento da glicose e seringas, é oferecido pelo SUS.
Os produtos estão disponíveis nas unidades de saúde ou nas farmácias populares. No ano passado, 6,2 milhões de pacientes utilizaram medicamentos fornecidos pelo sistema.

Tipos de diabetes

Diabetes
Mellitus tipo 1
Ocorre quando o organismo deixa de produzir insulina ou passa a produzir em quantidade inferior à necessária. É mais frequente em pessoas com menos de 35 anos.
Diabetes
Mellitus tipo 2
Tipo mais comum da doença, costuma atingir pessoas com mais de 40 anos. Está relacionada ao sedentarismo, obesidade e a fatores genéticos, mas raramente apresenta sintomas.
Diabetes
gestacional
Grávidas podem desenvolver a doença que se manifesta por meio da intolerância à glicose e resistência à insulina. Normalmente atinge mulheres com excesso de peso e histórico de diabetes na família. Costuma desaparecer após o parto.

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