Falta de verba obriga a demissões na Central

Lajeado

Falta de verba obriga a demissões na Central

Com quase 30 anos de fundação, clínica busca apoio para continuar atendimentos

Falta de verba obriga a demissões na Central
oktober-2024

A direção do Centro Regional de Tratamento e Recuperação do Alcoolismo (Central) precisou ir à Justiça para conseguir o alvará da Vigilância Sanitária do Estado e seguir atuando.

O documento venceu em setembro do ano passado, fazendo com que a administração municipal interrompesse os repasses mensais de R$ 24,7 mil à clínica. Agora, liminar obtida força a 16ª Coordenadoria de Saúde a emitir a licença.

O governo municipal cessou o auxílio em dezembro, e ainda aguarda a emissão do alvará sanitário para retomar os repasses. Com isso, os três primeiros meses de 2016 foram de dificuldades financeiras ainda maiores.

Integrantes da diretoria realizaram empréstimos pessoais para quitar parte dos gastos mensais da entidade, como salários de funcionários, e ainda não descartam o possível fechamento da clínica em função dos déficits.

A falta de recursos reflete também na equipe de trabalho. Na semana passada, quatro funcionários foram desligados. A direção precisou demitir um psicólogo, um consultor, uma assistente social e um monitor. Com isso, o centro de recuperação tem agora 22 profissionais efetivos para atender até 85 internos.

Com a saída dos quatro funcionários, a direção pretende reduzir os gastos mensais que hoje chegam a quase R$ 150 mil. Outra forma de gerar mais recursos, conforme o presidente Nadir Malfatti, é firmar mais convênios com Executivos da região. “Hoje estamos com 35 internos, isso é metade da nossa capacidade. Se tiver 70, por exemplo, posso baixar o valor da internação de R$ 3,4 mil para R$ 2,8 mil.”

Segundo Malfatti, os municípios de Cruzeiro do Sul, Bom Retiro do Sul, Sério, entre outros de diferentes partes do estado, mantêm contato com a Central para internação de moradores. “Mas não é um convênio fixo, como ocorria com Lajeado. E sim um acordo que vale só quando há demanda de pacientes.”

Sobre os recursos que foram suspensos em Lajeado, o presidente demonstra confiança com a liminar obtida na Justiça pela assessoria jurídica da clínica.

O novo convênio, previsto para ser assinado em maio, será elaborado a partir de uma reunião agendada para a próxima quinta-feira, 14, pelo Conselho Municipal de Saúde. Conforme Malfatti, a Central vai pedir auxílio de R$ 26 mil para tratamento de até dez pacientes por mês.

Reformas incompletas

A falta de verba fez com que parte das reformas, exigidas pelo Corpo de Bombeiros há mais de um ano e meio, ficasse para trás.

Em maio de 2015, faltavam alguns detalhes como iluminação de emergência, detectores de fumaça, adaptação de saídas de emergência, acesso a viaturas de bombeiros, sistemas automáticos de controle de incêndios, entre outros.

Desde então, diz o coordenador da Central, Ademir Becker, as melhorias foram escassas devido aos poucos recursos angariados pela clínica. “Falta ainda separar os prédios com portas corta-fogo, e também instalar as luminárias de emergência. Mas instalamos os detectores de fumaça e agora possuímos número maior de extintores.”

Aniversário de 30 anos

Ocorre no dia 13 de maio a festa em comemoração aos 30 anos de fundação da Central. A clínica foi inaugurada no dia 10 de maio 1986, tendo como principal gerente na época o empresário lajeadense Roque Lopes.

Malfatti pretende reunir mais de 800 ex-internos, familiares, apoiadores, fundadores e comunidade. “Queremos trazer de volta a velha guarda da Central. Aqueles que lutaram para erguê-la e mantê-la durante estas três décadas de trabalho em prol desses pacientes.”

Secretário de Saúde confirma retorno de convênio

A Hora – Quando será renovado o convênio com a clínica?

Glademir Schwingel – Imediatamente à aprovação do Conselho Municipal de Saúde. Para isso, a direção da Central deve formalizar pedido, mediante aprovação de alvará emitido pelo Estado. Informações que a Secretaria de Saúde (Sesa) tem é que a Justiça concedeu liminar à Central, determinando ao Estado a liberação do alvará. Essa competência é da Vigilância Sanitária do Estado por se tratar, a Clínica Central, de um local de internação. Obtendo o documento e aprovação do Conselho, o município firmará convênio semelhante ao existente até dezembro passado.

Explique melhor a questão da internação e desintoxicação e o que isso implica no convênio.

Schwingel – A Central procede internação na Unidade de Desintoxicação. Desintoxicar, do ponto de vista da saúde, é procedimento restrito a ambiente hospitalar. A Central não poderia, em tese, fazer, pois do ponto de vista clínico, a desintoxicação tem repercussões que são imprevisíveis, desde não acontecer nada até deliriuns tremens, parada cardiocirculatória e afins. Mas, em fazendo internação para desintoxicação, interpretamos como procedimento em clínica, restrito a ambiente hospitalar. E, nesse caso, quem dá alvará para procedimentos em nível de internação hospitalar é a Secretaria Estadual de Saúde, como sempre foi.

Quantos pacientes foram custeados pela administração municipal em 2015?

Schwingel – Até a expiração do contrato, em dezembro, 122 foram encaminhadas à Clínica Central pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps/AD).

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