História se repete após 17 anos

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História se repete após 17 anos

Derrota por 2 a 1 para o Ypiranga, no Colosso da Lagoa, rebaixou o Lajeadense para a Divisão de Acesso

História se repete após 17 anos
oktober-2024

Os gritos de comemorações não ecoam mais nas arquibancadas. No lugar choro, protestos e lamentações. A segunda-feira, após a confirmação do rebaixamento, foi de analisar o Gauchão, ver os erros e repensar a temporada.

Nesta quinta-feira, às 9h, os jogadores se reapresentam para recomeçar os treinamentos visando a partida de ida da primeira fase da Copa do Brasil. O confronto será contra o Figueirense, no Estádio Beira-Rio, na próxima quarta-feira, 13.

Torcedor fanático, o vendedor Estêvão Seltenreich assistiu a todos os jogos. Ele lamenta o que ocorreu com o clube, mas espera que a equipe possa montar um time forte para o segundo semestre.“Nunca vou deixar de apoiar o Lajeadense, seja em qual divisão for, temos que erguer a cabeça, segundo semestre tem a Copinha, montar uma base para a Divisão de Acesso, e subir já em 2017.”

Ele culpa alguns jogadores, que não se comprometeram com a filosofia do clube. “ É um momento delicado, a direção errou na contratação de alguns jogadores, alguns do grupo não mereciam estar passando por isso, pois são batalhadores.”

Capitão da equipe no acesso e treinador agora no rebaixamento, Serginho Almeida foi o que mais sentiu a derrota. Ele lamenta a falta de apoio ao clube. “Não pode uma comunidade que ganhou cinco títulos nos últimos anos ter que esperar que pessoas como o Nilson e Everton Giovanella deem do bolso deles. Dois gastam para 80 mil serem feliz, é muito pouco isso.”

Na opinião do treinador, o time não caiu na partida para o Ypiranga, pois, se os atletas tivessem atitude nos outros jogos, a situação teria sido diferente.

História se repete

A campanha de 1999 é muito similar à temporada atual. No ano antes de cair, o time também conquistou título – Copa Abílio dos Reis. Durante a temporada, o time somou apenas 10 pontos, mesma pontuação deste ano.

Outro fator que assemelha as campanhas foi o baixo aproveitamento do ataque. Em 1999, o time balançou as redes em 13 oportunidades, quatro a mais que este ano. A última partida naquele ano foi também contra o Ypiranga, no Colosso da Lagoa.

Durante o campeonato, a dire­ção trocou duas vezes de treinador. Começou com Luiz Carlos Winck, que depois de três rodadas pediu demissão. Após, assumiu José Henrique Veiga. A duas rodadas do fim do certame, o centroavante do time, Renato Teixeira, assumiu a função de treinador.

Como ficou o Gauchão

Após a última rodada da primeira fase, Grêmio, São José, Internacional, Juventude, Ypiranga, São Paulo, Novo Hamburgo e Brasil se classificaram para as quartas de final. Os jogos eliminatórios ocorrem no domingo em partida única.

Na Arena, o Grêmio recebe o Brasil. No Passo da Areia, jogam São José e Novo Hamburgo. No Beira-Rio, o Internacional joga diante do São Paulo. No Alfredo Jaconi, o Juventude encara o Ypiranga. Veranópolis, Passo Fundo e Cruzeiro ficaram na zona intermediária da tabela. Glória, Lajeadense e Aimoré foram os três rebaixados.

Divisão de Acesso

A Divisão de Acesso, ou Série A2, é disputada por 16 clubes. Desses um subirá para a elite de 2017 e três cairão para a Segunda Divisão do próximo ano. Até o momento, quem lidera a chave A é o Serc Brasil, de Farroupilha (13 pontos), EC Pelotas, de Pelotas (11).

EC Guarani, de Venâncio Aires, e EC São Gabriel, de São Gabriel (10), FC Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul (7), EC Avenida, de Santa Cruz do Sul, (6), EC Internacional, de Santa Maria (4), Riograndense EC, de Santa Maria (3).

Na chave B, o líder é o SER Caxias, de Caxias do Sul (15 pontos), CE Bento Gonçalves, de Bento Gonçalves (10), Tupi FC, de Crissiumal, e São Luiz, de Ijuí (9), União Frederiquense de Futebol, de Frederico Westphalen, (8), SER Panambi, de Panambi (7), FC Marau, de Marau, e Ser Santo Ângelo, de Santo Ângelo (4).

“[…]Estamos onde nós merecemos estar[…]”

Em entrevista coletiva após o jogo, Everton Giovanella relatou o sentimento de frustração com o rebaixamento.

O que falar sobre o rebaixamento?

Everton Giovanella – Ficamos brincando com o descenso em 70% do campeonato, ganhávamos um jogo parecíamos que éramos o melhor time do campeonato, foi uma coisa que não conseguimos controlar. Me sinto culpado também, talvez se tivesse sido muito mais enérgico, mas infelizmente a bola pune, eu disse para eles (jogadores) no meio do campeonato. Joguei isso por 20 anos e conheço bem. Se tem algum culpado, ele é o presidente do Lajeadense, comissões que passaram, treinadores que passaram e atletas, temos que assumir isso, cada um em sua parcela. É um aprendizado para nós, trouxemos o Lajeadense para a primeira divisão, conquistamos títulos, quase subimos para a Série C e hoje a gente amarga uma experiência que ninguém quer. Queria pedir perdão para a torcida, dizer para a comunidade em geral, não só Lajeado, mas também para o Vale do Taquari, que devemos decidir o que nós queremos, pois, apesar destes últimos jogos termos tido apoio, a nossa média de público é baixíssima, é coisa de segunda divisão mesmo. Não estou falando de hoje, passamos por isso ganhando títulos, conquistando coisas, vocês sabem que são os mesmo de sempre. Quero agradecer o Serginho que pegou uma batata assando, quente, fez um excelente trabalho. Ele tentou de tudo, o problema foi que não tinha onde tirar. O grupo desde o começo não se entrosou e, se eles forem honestos, eles sabem disso, pois a vaidade e orgulho eram grandes. Acho que, com toda sinceridade e carinho que tenho com o clube, acho que no fim estamos onde nós merecemos, acho que nós não fizemos muito mais por merecer do que esta situação onde a gente está.

O Lajeadense está no lugar onde deve estar?

Giovanella – Eu falei um tempo atrás que o Lajeadense precisava criar um corpo para um dia não estar mais pensando em segunda divisão, esse corpo vinha se criando, mas nós ganhamos, ganhamos e ganhamos e esse corpo não surtiu efeito que a gente queria. Temos muitas dificuldades de fazer trabalho de captação de sócios. Tivemos cinco anos bem e sempre foi a mesma coisa. Eu, assim como assumo minha parte de culpa, acho que todo mundo tem que fazer está autoanálise. Eu não estou aqui criticando ninguém, pelo contrário, não tenho nem cara para criticar alguém. Acho que todos nós e a comunidade em geral precisamos definir que o Lajeadense para ser grande, para ser maior, tem que ter uma permanência, ele não pode ficar tendo 500 torcedores durante grande parte do campeonato, não pode. O que precisamos fazer? Temos que continuar trabalhando com essa meninada, fomentando uma coisa que a gente perdeu por muito tempo, durante o período em que estivemos fechado. O principal problema nosso é a falta de dinheiro para investir. Nós não investimos, eu priorizei algumas coisas, eu assumo a culpa, mas não podia arriscar. Eu não consigo fazer as coisas e não pensar nas consequências que tenho como presidente. A minha responsabilidade é grande com o clube. Podia ter rasgado dinheiro, fazer como muitos fazem, não se preocupar com o futuro. Fechar as portas em abril e aí deixar os cara bater na porta e ações trabalhistas para todos os lados. É complicado. Posso ter tido culpa nesse sentido, mas não me arrependo. Tenho a certeza que no final de minha gestão o clube vai estar em condições de se assumir. Antes de mais nada, não estou falando sobre as últimas gestões, pois eles fizeram grandes trabalhos e conseguiram fazer coisas que não conseguimos. Temos que dar os parabéns para eles. Infelizmente, eu a nível esportivo não consegui, falhei. Com o orçamento que tinha, não conseguimos reverter um quadro que a gente sabia que podia ser assim e que infelizmente por vários motivos. Dentre eles, está o vestiário que não funcionou, que começou ruim e terminou muito pior.

Como será o segundo semestre?

Giovanella – Vamos jogar o segundo semestre com a meninada. Eu sei que o torcedor vai nos apoiar. É importante que eles nos deem esse respaldo para que consigamos preparar bem essa meninada pensando já na segunda divisão. Temos a Copa do Brasil ainda, não podemos jogar tudo para o alto. Temos que pensar agora a nível financeiro, pois pode nos dar uma boa gordura se conseguirmos passar pelo Figueirense. Então acredito que tem que ser tudo muito bem pensado. O pior para todo mundo agora seria quebradeira, pessoas quebrando tudo, se xingando. Quando a gente ganhou, ganhamos todos juntos. Agora vamos ter que amargar uma derrota juntos. Devemos continuar indiferente de divisão.

O clube jogará a Copa do Brasil com este grupo?

Giovanella – Não dá tempo para trazer ninguém, a não ser que você pegue alguém que esteja jogando, mas ele chega aqui e não está entrosado. Então se nós não quisemos gastar até agora, e esse talvez foi um tiro que dei no meu pé, não vou agora modificar o meu pensamento, daí estarei dando um motivo para vocês me chamarem de insensato. Agora temos que primeira coisa é juntar os cacos. Peço a estas pessoas que são mais exaltadas que tentem engolir este sapo, que nem a gente está fazendo, pois não vai adiantar ir lá na quinta-feira falar, xingar, não vai trazer o time de volta para a primeira divisão. O Lajeadense continuará e se Deus quiser vamos montar um bom grupo para voltar à primeira divisão no ano que vem.

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