Burocracia compromete o tratamento para diabéticos

Teutônia

Burocracia compromete o tratamento para diabéticos

Empresas demoram até 40 dias para entregar medicamentos

Burocracia compromete o tratamento para diabéticos
Vale do Taquari

Além de conviver com doença crônica, os portadores de diabetes têm o tratamento comprometido pela burocracia.

As licitações por tomada de preço exigem várias empresas com menor valor por item. Quando o primeiro colocado na lista é chamado, nem sempre tem o necessário para atender a demanda. Às vezes, a espera pode chegar a 40 dias. O resultado é a frustração e a despesa de quem depende do repasse público.

O drama ocorre faz anos, desgasta o poder público e preocupa os diabéticos. Quando tinha 15 anos, Kevin Caroline, 20, sentiu-se mal. No hospital, os médicos constataram que a jovem estava com diabetes tipo 1. Ela ficou um mês e meio internada para exames e teve de esperar a liberação para receber os medicamentos pelo posto de saúde. Para controlar a disfunção do pâncreas, recebeu um kit com medidor de glicemia, fitas, Insulina Regular Humana e NPH.

A orientação era que retirasse todos os meses no Centro Avançado de Saúde, em Canabarro. No primeiro ano, recebia seringas com 12 mm, quando o recomendado é 4mm. Há cinco anos convivendo com a doença, Kevin calcula o gasto de R$ 4.198 na compra do material que deveria ser fornecido pelo Estado e Executivo. “Sempre falta alguma coisa ou atrasa e quem tem diabetes não pode esperar.”

Por dia, ela precisa de quatro fitas para medição e faz seis aplicações. Em um mês, gasta R$ 400 com os dois tipos de insulina. O pacote de agulhas para caneta com cem unidades custa R$ 113. “A parte mais chata do diabetes é quando falta insulina no posto. Às vezes deixo de pagar uma conta ou peço dinheiro emprestado porque tenho que comprar”, diz.

Secretaria reconhece o problema

Conforme a secretária de Saúde, Marlene Metz, o problema é recorrente e as soluções parecem distantes. A tomada de preços segue um trâmite, no entanto, as empresas não dão garantia de que realmente têm os medicamentos em estoque, diz. Quando o município precisa, eles são contatados e têm o prazo de até 30 dias para atender o pedido.

“Para mudar de distribuidora ou laboratório, temos que dar todas as chances. Se não conseguirem, devemos ingressar na Justiça e isso demora. O resultado é o sofrimento da comunidade”, admite.

Outro fator que dificulta o sistema é o atraso dos repasses para compra dos medicamentos. Para os diabéticos, o Estado investe R$ 0,50 por pessoa a cada ano. Além disso, a irregularidade no prazo do depósito exige que o município aplique recursos para garantir o tratamento. O valor para 300 caixas de insulina chega a R$ 10 mil e cada paciente tipo 1 retira duas caixas por mês.

Responsabilidades

O Ministério da Saúde é responsável pela distribuição dos medicamentos aos estados que repassam aos municípios. Por mês, a Secretaria de Saúde da cidade recebe até 300 caixas de NPH e 30 de Insulina Regular Humana. Além disso, são ofertadas as insulinas Aspart, Glargina e Lispro.

Para solicitar, o paciente deve apresentar a documentação no Centro Avançado de Saúde, em Canabarro, e preencher o cadastro. A documentação é encaminhada ao governo para avaliação dos laudos e liberação.

A administração municipal é responsável pela compra de fitas HGO, seringas, dispositivo medidor de glicemia, agulhas para caneta e refil de insulina. Além disso, dispensa Gibenclamida e Mesformida 850 mg.

Drama familiar

Carol Birkheuer, 17, descobriu a doença quando tinha 7 anos. Desde então, os pais pleitearam os medicamentos pelo Estado. Depois do processo, a insulina nunca faltou. No entanto, a rotina teve de ser alterada por causa do diabetes. Segundo ela, mesmo com a aplicação diária da NPH, o índice glicêmico varia muito. “Eu não consigo controlar.

No ano passado, antes da Páscoa, desmaiei de madrugada porque a glicose estava muito baixa. Isso mobiliza toda a família”, diz. Embora já praticasse esportes, a jovem passou a se dedicar mais a corridas e caminhadas. Em 2013, ela passou a andar de cavalo e sentiu alívio nos sintomas. “Me ajuda muito.”

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