O projeto Escola e Família: de mãos dadas pela educação, lançado em 2012, é um exemplo positivo de como integrar pais, alunos e funcionários em prol da aprendizagem coletiva.
A participação da família na gestão do processo educacional voltado às crianças e adolescentes de 13 escolas municipais de Ensino Fundamental e oito de Educação Infantil é cada vez maior. As ações vão desde os mutirões, onde são realizadas limpezas, reformas e pequenas ampliações, até iniciativas que interferem na vida da comunidade.
Na semana passada, escolas de comunidades como Arroio Grande, Picada Arroio do Meio e Rui Barbosa realizaram mutirões que envolveram as famílias dos estudantes. Segundo a secretária de Educação e Cultura Eluise Hammes, essa é uma maneira de conscientizar as famílias e promover a cidadania. Os pais passam a ser ainda mais exemplos para os filhos, que são vigilantes na atitude da família, acredita.
A iniciativa que leva a comunidade à escola conta com trabalhos voluntários e contribuição financeira com o Círculo de Pais e Mestres (CPM). Com o rateio, obras emergenciais e melhorias nos colégios são garantidas. “Os pais são a mão de obra necessária, fazendo com que o filho-aluno sinta orgulho de fazer parte do espaço pedagógico.”
Há quatro anos em prática, o projeto está em uma segunda fase que é a qualificação dessa participação. Além de trabalhos manuais, palestras e oficinas voltadas à família e à educação dos pais em casa são realizadas. Na escola Princesa Isabel, Iara Graff, 45, mãe de dois alunos, afirma que a ação conjunta resulta melhor aproveitamento das matérias ensinadas em aula. Para ela, participar das atividades virou compromisso. “O contato deve ser diário.”
Mãe de uma aluna de 5 anos, Jaqueline Simonetti, 34, afirma que é preciso estar ciente do que acontece dentro da sala. “Assim minha filha se sente mais motivada a vir.” Ela conta que estudou na mesma escola da 5ª a 8ª série na época e que hoje dá o exemplo de como é importante cuidar do patrimônio. “Não podemos esperar tudo do poder público. Comunidade organizada é mais forte.” Quatro escolas da cidade passam por reformas, ampliações e melhorias. O investimento municipal é de R$ 500 mil.
Aulas que impactam na comunidade
Exemplo disso está na Escola Municipal de Ensino Fundamental Duque de Caxias, em Arroio Grande. Um problema levantado por um morador em uma reunião de comunidade foi o primeiro passo para a realização de uma campanha ambiental na escola de 266 alunos.
Lixeiras públicas começaram a gerar reclamações dos moradores, pois ficavam toda semana superlotada de lixo e o caminhão passava uma vez por semana. O acúmulo de lixo atraía animais que espalhavam os dejetos, causando cheiro e proliferação de insetos.
Diante do quadro, a escola resolveu abraçar a solução com uma campanha que iniciou nas salas de aula, com explicações aos alunos sobre manejo do lixo, separação e formas corretas de destinação, principalmente nos dias certos.
Um panfleto foi elaborado, com a participação dos pais, com informações do horário correto para depositar o lixo. O material foi distribuído no distrito. As lixeiras coletivas foram transformadas em floreiras, com uma frase simbólica: “Não jogue lixo, jogue sementes.”
As ações que iniciaram em abril de 2015 deram resultado rápido. Hoje, não há mais depósito de lixo nas ruas e cada um coloca o lixo na frente de sua casa, devidamente separado. “Os principais vigilantes são os alunos, que cobram da família a participação. Mas isso acontece porque os pais ajudaram na campanha e sabem do que se trata.”
Segundo a diretora da escola, Magda Rockembach, os estudantes de 5 a 10 anos ajudaram a diminuir a coleta de lixo, que reduziu para metade. “Agora, separam o lixo e usam o orgânico em casa, com manejo correto, e não há mais odor, tampouco animais pelas ruas.”
