O benefício da saúde gratuita em outros hospitais do estado foi ignorado por 2.066 pacientes do SUS. A falta no dia agendado prejudica toda a rede e impede, inclusive, o atendimento de outras pessoas, pois na grande maioria dos casos não há como encaminhar algum substituto de última hora. Além disso, a ausência onera e causa transtornos ao poder público.
De acordo com o secretário da Saúde, Glademir Schwingel, o transporte de usuários do SUS da cidade para outros municípios em busca de atendimento especializado é uma das atribuições da administração. São duas alternativas: via carro próprio ou contratação de serviço terceirizado. Os veículos particulares ficam exclusivos para transportes mais próximos.
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Apenas no ano passado, o município custeou 676 viagens de Van, sendo 523 para Porto Alegre, 140 para Taquari e 13 a outros lugares. Nesse período, foram 843 viagens com veículos próprios, a grande maioria para os hospitais de Taquari, Teutônia, Encantado e Bom Retiro do Sul.
Ao todo, foram 1.519 viagens. Naquelas em que utilizou-se o serviço terceirizado, foram 9.439 usuários agendados. Desses, 1.356 faltaram no dia combinado – total de 14,3%. No caso do transporte próprio, foram agendados 5.435 usuários. Faltaram 710, o equivalente a 13%.
Em comparativo ao ano anterior, o número de faltas aumentou. Passou de 10,7% para 13,8% no geral. Foram agendados 10.160 pacientes em 2014, sendo que 1.095 não compareceram no dia marcado para a viagem. “Estimamos prejuízo superior a R$ 30 mil no ano só em gastos de transporte, sem considerar o desperdício de recursos na rede de saúde, onde há profissionais remunerados, laboratórios, equipamentos, enfim, estruturas diversas que têm custos.”
O índice de ausências segue elevado em 2016, o que causa preocupação do poder público. Em janeiro, foram agendados 757 usuários SUS, dos quais 93 (12,2%) faltaram. Em fevereiro, dos 719 pacientes na lista por atendimento, 110 (15,2%) não compareceram na data combinada.
“Não tem como chamar outro”
Segundo o secretário Schwingel, uma série de esforços foi adotada pelo município para tentar diminuir os percentuais de faltas, mas sem efeito prático. Ressalta que podem acontecer casos eventuais de o paciente realmente não poder comparecer no dia combinado, como estar sem condições para viajar. Mas na maioria das situações as ausências são injustificáveis.
Como exemplo, cita casos em que o usuário esqueceu da viagem ou então chovia naquele dia. “As ‘desculpas’ são as mais variadas possíveis, mas não eximem da responsabilidade, afinal, conseguir o agendamento é sempre complicado, pois demanda o trabalho de toda uma rede, desde o atendimento na unidade básica de saúde, depois o trabalho do setor de agendamento até o serviço do setor de transportes.”
Outro problema apontado pelo secretário é que as faltas retiram a oportunidade de outros pacientes ao atendimento naquele dia. Não há como substituir o ausente. “Tem van que sai 5h da manhã. Se o passageiro não aparece, vai o banco vazio. Não tem como chamar outro.”
