A segunda assembleia sobre a recuperação judicial da indústria de laticínios Hollmann definiu pagamento para duas categorias de credores. Os trabalhadores e fornecedores aceitaram o plano. Antes da votação, o representante do processo realizou uma simulação.
A Caixa Econômica Federal pediu mais prazo para avaliar o documento e receber contraproposta. Apenas as instituições financeiras terão outra reunião para definir alterações na forma de pagamento. O encontro entre os devedores e credores ocorreu ontem à tarde, no Centro Comunitário Evangélico Seca Baixa.
Para quitar os R$ 22 milhões em débito, a Hollmann ofereceu aos fornecedores com créditos até R$ 5 mil, o pagamento trimestral de R$ 500. Valores superiores serão pagos em dez anos. Os trabalhadores devem receber em até um ano e os quirografários com garantia real (bancos) em 120 meses. Nas três categorias, a empresa pediu um ano de carência até o primeiro depósito.
Caso o acordo não seja cumprido, a decisão ficará a cargo da juíza. Uma das medidas pode ser o decreto de falência. Segundo o processo, a empresa deve mais de R$ 23 mil aos funcionários habilitados, R$ 3,6 milhões de garantia real e R$ 18,8 milhões aos fornecedores.
Retomada de atividades
O advogado da empresa Arvidt Froemming apresentou proposta diferenciada aos produtores e empresas interessadas em continuar fornecendo para o Hollmann. Segundo ele, 6% mais o reajuste seriam retidos a cada mês para quitação da dívida.
O interesse é locar a planta industrial ou vender para garantir mais recursos financeiros. “Empresas mostraram o interesse em utilizar a fábrica”, diz.
Para o prefeito Celso Kaplan, o pagamento dos funcionários e produtores é o primeiro passo. A administração municipal aplicou mais de R$ 500 mil para que a fábrica fosse instalada na cidade para gerar emprego. “Se o acordo não for cumprido, serei o primeiro a fechar as portas para qualquer outra empresa que vá se instalar na fábrica do Hollmann.”
O declínio da Hollmann
Os problemas financeiros da empresa tiveram maior visibilidade após o envolvimento e prisão de um dos sócios pelo apontamento na Operação Leite Compen$ado.
Em maio de 2014, denúncias apontaram leite adulterado com citrato, soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada. No entanto, Froemming afirma que 68 laudos atestaram a pureza.
Depois do processo, a Hollmann fechou as portas demitindo 50 funcionários sem o pagamento de salário, 13o e férias. Durante o período, a fábrica foi incendiada e teve 40% da infraestrutura consumida pelas chamas. O sinistro, considerado criminoso pelo advogado da empresa, adiou a primeira assembleia para recuperação judicial.