Paixão de Cristo reúne 5 mil espectadores

Imigrante

Paixão de Cristo reúne 5 mil espectadores

Encenação bíblica com artistas locais ocorreu sexta-feira e sábado em Daltro Filho

Paixão de Cristo reúne 5 mil espectadores
Vale do Taquari
oktober-2024

As paredes em pedra grés do Convento Franciscano São Boaventura, iluminadas pelo mapeamento 3D, mostravam que o bairro Daltro Filho estava diferente.

O cenário natural foi montado e preparado para receber o maior espetáculo com atores locais do Vale do Taquari: a 11ª Paixão de Cristo. A garoa reduziu o público em relação ao ano passado. Mesmo assim, cerca de cinco mil pessoas encontraram no evento um momento de reflexão, espiritualidade e arte.

A encenação de duas horas e 30 minutos ocorreu na sexta-feira e sábado e contou com mais de cem artistas sob a direção-geral de Marcelo Brentano. O investimento total do espetáculo foi de R$ 150 mil, com recursos públicos e apoio de Girando Sol e Deale Alimentos, pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC). A administração aplicou R$ 30 mil na especialização da comunidade, por meio de oficinas promovidas pela Associação Cultural. Os moradores foram preparados para as técnicas do teatro, mas a emoção e expressão foram adquiridas com o prazer pelas artes cênicas.

Entre os tantos destaques da peça, Alex Possamai, 26, exalava dedicação em cada gesto. O auxiliar químico da Bertolini participa do elenco faz dez anos. O ingresso no teatro ocorreu por convite de uma professora e o primeiro personagem foi Lázaro. Desde o ano passado, recebeu o desafio de interpretar Jesus Cristo e estreitou vínculos com as artes cênicas.

Para caracterizar o Messias, deixou o cabelo e a barba crescerem. Também se dedicou a assistir a documentários, filmes, além da releitura do roteiro. Ele e o diretor Brentano empenharam horas para alinhar o detalhes. Neste ano, Possamai conta que esteve mais preparado para a apresentação. “Sempre dá um frio na barriga antes de começar, mas dessa vez me senti mais preparado.”

Emoção além do palco

Por se tratar da maior história da fé cristã, Possamai precisou de inspiração para personificar o filho de Deus. No dia da estreia, pediu folga do trabalho para descansar e fazer uma releitura breve da Paixão de Cristo. “Procuro ficar calmo e sereno. Fico mais afastado dos colegas e amigos e faço minha oração”, conta.

Quando veste o figurino, tenta buscar as mesmas sensações que o personagem vivia e evita as distrações. O resultado é expressivo no palco com palavras repletas de paz, tranquilidade, dor, sofrimento e prece. “Sinto algo diferente quando inicia o teatro. As sensações parecem reais, como a dor quando Jesus é tentado por demônios ou a emoção diante de Maria.”

Assim como os espectadores, a emoção contagia. Ao final da apresentação, o abraço nos familiares faz o ator retornar. “Eu choro quando encontro meus pais. Ali começo a sair do personagem e retomo minhas energias.”

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