Busca por emprego resulta assédio sexual no Facebook

Lajeado

Busca por emprego resulta assédio sexual no Facebook

Caso ocorreu em grupo que divulga vagas de empregos no Vale

Busca por emprego resulta assédio sexual no Facebook
Lajeado
oktober-2024

Uma estudante de Direito de 21 anos foi vítima de assédio sexual por meio das redes sociais. O caso ocorreu na manhã de ontem, após postagem da jovem em grupo que divulga vagas de emprego disponíveis na região.

No sábado à noite, Ângela publicou comentário se colocando à disposição para trabalhar. Na publicação, ela deu detalhes sobre experiências profissionais e qualificação, além de disponibilizar o telefone para contato.

Ontem, a estudante recebeu mensagens de um homem, com perguntas sobre trabalho, o local onde mora e se ela tinha namorado. Incomodada, Ângela disse não estar interessada. Nesse momento, o homem ofereceu dinheiro em troca de favores sexuais.

A jovem publicou uma postagem no grupo falando do assédio e disse conhecer outras mulheres que sofreram situações semelhantes por meio das redes sociais. “Infelizmente a maioria se omite e não denuncia esse tipo de atitude.”

Relata outros casos em que foi assediada por meio das ferramentas virtuais. Em um deles, um homem teria prometido emprego em uma grande empresa da cidade, em troca de uma noite com ele. “Além de tarados, são pessoas dispostas a fazer qualquer tipo de loucura.”

Em outra situação, Ângela recebeu propostas por meio do Whatsapp. Na ocasião, o homem chegou a descobrir o endereço da jovem e passou a enviar presentes, a abordar vizinhos, além de falar com a família dela pelo interfone do prédio onde mora.

A estudante avalia a chance de registrar o assédio na Polícia Civil, mas se sente desconfortável diante da possibilidade de ter que ficar frente a frente com o homem. Além disso, diante das situações anteriores, nas quais encaminhou queixa, acredita em pouca efetividade.

Conversas são evidências

Conforme a delegada Márcia Bernini Colembergue, em casos como o de Ângela, a primeira providência é fazer o registro na delegacia de polícia. “Seja assédio sexual ou crime contra a honra, é fundamental registrar para que seja investigado.”

A delegada ressalta a importância de guardar as conversas e postagens que configuram crimes. Segundo ela, a polícia pode tirar fotos da tela ou usar o material impresso como provas. “Isso serve para todo e qualquer crime cometido no ambiente virtual.”
Com relação à preocupação da jovem em não se encontrar com o homem que a assediou, ressalta que a vítima pode pedir para ser ouvida separadamente.

Estudo tipifica assédio

O primeiro estudo mundial sobre o assédio por meio das redes sociais foi publicado pelo instituto de pesquisa americano Pew Research Center. Na pesquisa, realizada em 2014, foram entrevistados mais de três mil usuários de internet de diferentes orientações sexuais.

Enquanto 59% dos homens relataram ter sofrido assédio por meio de ferramentas sociais, o número chega a 73% no caso das mulheres. Conforme o estudo, o gênero feminino enfrenta tipos mais graves de assédio, como perseguição e assédio sexual, enquanto os homens relatam situações como xingamentos e constrangimento público. Jovens entre 18 e 24 anos são as mais propensas a sofrerem ataques.

Ambiente propício

Conforme o especialista em personal e professional coach, Gabriel Carneiro Costa, as redes sociais propiciam o ambiente ideal para situações de assédio. Em entrevista publicada na edição do fim de semana, Costa afirma que as redes demonstram exatamente como as pessoas são fora delas.

“Com o uso dessas tecnologias as pessoas se manifestam muito mais e as informações se espalham mais rápido”, ressalta. Conforme o especialista, o assédio sempre existiu, mas o anonimato das redes sociais facilita as abordagens.

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