Mecanicapina permanece até março de 2017

Lajeado

Mecanicapina permanece até março de 2017

Prefeito não atende sugestão pelo rompimento com empresa suspeita de fraude

Mecanicapina permanece até março de 2017
Lajeado

O contrato para capina mecanizada foi renovado pelo prefeito até o dia 25 de março de 2017. A medida não atende a determinação do Ministério Público (MP).

Em julho do ano passado, a promotoria de Justiça ajuizou ação contra os empresários responsáveis pela empresa por suspeita de fraude contra o edital de licitação para contratação do serviço. Responsável pelo inquérito, Neidemar Fachinetto pedia o rompimento imediato do contrato.

Desde 26 de março de 2014, quando foi firmado o acordo entre Executivo e a Mecanicapina, já foram pagos R$ 4 milhões de recursos dos cofres públicos para a empresa suspeita de integrar o cartel do lixo e de fraudar o edital em Lajeado. Nesse período, houve quatro aditivos assinados pelo prefeito. O último deles aditou em quase R$ 400 mil o valor contratado.

O secretário de Meio Ambiente (Sema), José Antunes confirma que o pedido de renovação já foi encaminhado há cerca de dois meses. “Esse trâmite de solicitação costuma ser feito com antecedência. Já solicitamos a renovação, sem qualquer acréscimo de valores ou serviços em relação ao contrato anterior”, reitera.

No dia 15 de março, o governo empenhou mais R$ 1,5 milhão para custear os serviços prestados pela Mecanicapina, cuja sede fica em Porto Alegre. Com isso, o governo municipal deve repassar pelo menos R$ 5,5 milhões para a empresa até o fim do novo contrato, previsto para março de 2017. Se houver novos aditivos, o montante deverá ser ainda maior.

A administração municipal paga em torno de R$ 1,58 por metro linear de capina ou pintura de meio-fio. Pelo acordo, a empresa precisa disponibilizar caminhão com caçamba, caminhão tanque pipa, e caminhão basculante. Todos os veículos exigidos por contrato não podem ser fabricados antes de 2008.

Além disso, conforme consta no edital, a Mecanicapina precisa dispor de micro-ônibus ou similar para transporte de passageiros, trator, varredeira mecânica, além de outros equipamentos e pelo menos 26 funcionários, entre varredores, motoristas, técnico em segurança de trabalho e engenheiro agrônomo.

Prefeito não fala. Promotor avalia

O prefeito, Luís Fernando Schmidt, não respondeu ao questionamento da reportagem sobre o fato de ele renovar um contrato após o MP sugerir pelo rompimento do mesmo. Já o promotor, Neidemar Fachinetto, garante que analisará a situação na próxima semana, e não descarta propor uma medida cautelar a fim de evitar a prorrogação do acordo.

“O pedido pela nulidade do contrato não foi acolhido pela Justiça até o momento. No entanto, houve o bloqueio dos bens dos gerentes da empresa.” Isso significa que, em caso de deferimento da Justiça ao pedido de nulidade do acordo, eles terão que ressarcir todo o valor gasto com o contrato, incluindo os aditivos, relata Fachinetto.

A ação envolve R$ 18,8 milhões, montante que carece de atualizações monetárias. São R$ 14,1 milhões de multas aplicadas contra 16 sócios de cinco empresas supostamente ligadas ao Cartel do Lixo, responsável por fraudes em licitações por todo o estado. Entre elas, a Mecanicapina, de quem o MP cobra devolução de R$ 4,7 milhões aos cofres públicos de Lajeado e, função dos contratos de limpeza urbana.

Entenda o caso

O MP de Lajeado ajuizou ação civil pública por atos de improbidade administrativa contra cinco empresas e seus sócios em função de fraudes e dissimulações durante o pregão presencial para serviços de capina mecanizada e pintura de meio fio. Esse processo licitatório ocorreu em 2014 e, para a promotoria, ficou configurada fraude na contratação da Mecanicapina.

Segundo o inquérito, uma das empresas concorrentes, com sede em Triunfo, foi extinta poucos dias depois da abertura das propostas. Ela faria parte do cartel e teria participado apenas para “dar aparência de legalidade à licitação”, sempre sob coordenação dos sócios e diretores da Mecanicapina.

Já a Urbanizadora Lenan teria recebido – e negado – uma oferta de R$ 200 mil da própria Mecanicapina para desistir da licitação. Conforme a investigação, o promotor verificou também que uma impugnação administrativa oferecida pela Urbanizadora Lenan foi acolhida e, mesmo assim, só a Mecanicapina foi habilitada pela equipe da prefeitura.

Para o MP, a forma ilícita de atuação da Mecanicapina “se materializa na sistemática tentativa de seus sócios de afastar os licitantes não integrantes da AGELURB dos certames”. Cita o promotor que “os sócios demonstram meios utilizados para frustrar, fraudar e, no mínimo, tentar afastar os demais licitantes e, com isso, assumir e controlar todos os serviços de limpeza urbana de Lajeado.”

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