Casal viaja o Brasil em busca de histórias positivas

Lajeado

Casal viaja o Brasil em busca de histórias positivas

“Caçadores de bons exemplos” percorreram o país catalogando iniciativas beneficentes

Casal viaja o Brasil em busca de histórias positivas
Lajeado
oktober-2024

Deixar o emprego, vender bens e ficar longe da família para viajar sem destino certo em busca de atividades voltadas ao benefício de pessoas desconhecidas.

Esse é o resumo da história que os “Caçadores de Bons Exemplos” contam em uma palestra no auditório do prédio 7 da Univates, nesta segunda-feira, 21, a partir das 19h30min.

O ingresso é um quilo de alimento não perecível, que será doado a instituições de assistência. Em 2015, o casal Eduardo e Iara Xavier ministrou 64 palestras para mais de dez mil participantes em todo o país. Eles contam um pouco da trajetória, falam sobre as motivações e apresentam algumas iniciativas que foram catalogados.

Após o relato das experiências, é aberto um momento de debate e perguntas sobre o projeto. Também é apresentado o portal na web, que mostra um resumo sobre o foco de atuação de todas as iniciativas descobertas, e também dispõe os contatos e modalidades de participação e ajuda. Explanação e conversa duram cerca de duas horas.

De acordo com Iara e Eduardo, um dos motivos para tamanha mudança no estilo de vida foi o estresse causado pelo excesso de trabalho. O dois eram administradores de empresa e trabalhavam até 14 horas por dia.

Diante de tal realidade, começaram a surgir questionamento sobre o real sentido da vida, a veracidade do conteúdo transmitido por grandes mídias e uma série de reflexões. A partir disso, concluíram que algo deveria ser feito e começaram a planejar. No início, a única definição que os norteava era que se dedicariam ao bem do próximo.

O embrião

Xavier, 47, e Iara, mineiros de Juiz de Fora e Divinópolis, respectivamente, queriam sair da zona de conforto.
Tomando uma atitude definida por eles como simples, venderam a casa e em janeiro de 2011 começaram uma excursão que passou por quase todo o país. A viagem durou cinco anos, foram percorridos mais de 225 mil quilômetros e catalogados cerca de 1,3 mil bons exemplos.

Segundo Xavier, vender o imóvel foi a parte mais fácil. “Até porque se pensássemos muito talvez não teríamos saído.” Do roteiro, só sabiam o local de partida, a cidade natal de Iara. Pretendiam rodar por Minas Gerais, depois Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, e Bahia.

As cidades visitadas seriam decididas durante o percurso, por meio de indicações e sugestões de pessoas que conhecessem no caminho. Um dos pré-requisitos era não pesquisar na internet os projetos a serem conhecidos. A ideia, destaca, é que não há melhor indicador das carências do que as pessoas.

Para Xavier, sair em uma aventura, mesmo sendo do bem, desperta alguns medos, mas, de certa forma, foi esse temor que impulsionou a ação. Estamos na contramão, sugere, de um fluxo que tende a divulgar ações negativas. “Nós lutamos diariamente para que essa divulgação seja transformada em positividade, inspiração e transformação”, pondera.

Pelo Brasil

A princípio, dois anos da viagem seriam dedicados ao Brasil e mais três ao mundo, priorizando as Américas. Mas, já na estrada, o casal decidiu que o projeto seria integralmente voltado ao país. “Muitas pessoas ainda valorizam o que é de fora, ou seja, o jardim do vizinho é sempre mais bonito. Queremos valorizar o que é nosso, a nossa nação”, comenta.

O dinheiro da venda do apartamento acabou em janeiro de 2013. Como eles não tinham patrocínio nem vínculo político ou religioso, desde então, se mantiveram com o apoio das pessoas que ofereciam acolhida. Aos poucos, se formou uma rede de apoio com milhares de amigos conectados em todo o território nacional.

De acordo com Xavier, mesmo havendo confiança na predominância de boas iniciativas, ele não esperava catalogar tantos projetos. Em contraponto, mesmo com ajuda de voluntários e esforço próprio, não houve condições de visitar todos os indicados. A alternativa para cobrir um território maior foi o uso de novas ferramentas. “Criamos um aplicativo para smartphone em que todos podem registrar e catalogar ações sociais”, revela.

Tudo foi acontecendo, diz, a exposição na mídia, os parceiros, os voluntários, as indicações. Os caçadores de bons exemplos eram um casal e se tornaram uma rede que compartilha um ideal de transformação. No portal do projeto, foi criado um mapa colaborativo, por meio do qual é possível localizar todos os trabalhos identificados e adicionar novas iniciativas.

Dificuldade e superação

Em algumas ocasiões, Xavier e Iara se depararam com situações de extrema pobreza e vulnerabilidade social. Então se questionavam como é possível ser feliz e ficar no conforto do lar sabendo que há milhões de pessoas em situação de miséria, passando por problemas crônicos, seja de saúde, desamparo e desconhecendo seus direitos.

Xavier prefere não destacar uma ou outra iniciativa, pois considera cada uma importante dentro do contexto em que está inserida. Mas fala de bons e diferentes exemplos que encontrou no RS. Desde a Zezé do Pão, em Capão da Canoa, até a Rozeli do Renascer, em Porto Alegre. Todos têm sua história local, valor individual, sugere.

As dificuldades e provações enfrentadas em cinco anos de estrada interferem também na vida pessoal que, conforme o casal, é alimentada pelas histórias catalogadas. Algumas pessoas, recordam, se preocupam com a aposentadoria deles ou com o que farão quando pararem. “há uma frase popular. Não pense no passado, não pense no futuro, viva o presente. É isso que tentamos fazer”, conclui Xavier.

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