Indicação de Lula fortalece manifestações

Lajeado

Indicação de Lula fortalece manifestações

Vem pra Rua Lajeado foi às ruas reforçar o pedido de impeachment de Dilma

Indicação de Lula fortalece manifestações

A confirmação de Luiz Inácio Lula da Silva como o novo ministro-chefe da Casa Civil iniciou uma série de manifestações em diversas regiões do país.

Contrários ao governo questionam a legalidade da medida tomada por Dilma Rousseff e voltam a pedir o impedimento do mandato da presidente.

Em Lajeado, cerca de 300 pessoas percorreram a rua Júlio de Castilhos no início da noite de ontem. Com carro de som, bandeiras do Brasil e vestindo roupas verde e amarela, os manifestantes se reuniram por volta das 19h em frente ao prédio do Executivo.

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“O PT não gosta do juiz Sérgio Moro porque ele pune, doa a quem doer. Se Lula cometeu crime, tem que ir pra cadeia. Se Aécio Neves cometeu crime, tem que ir para a cadeia. E essa é a nossa diferença”, esbravejava ao microfone o economista Guilherme Cé, um dos líderes do Movimento Vem pra Rua Lajeado.

O grupo é responsável por série de manifestações na cidade desde o dia 13 de março de 2015. Além dele, Douglas Sandri, outro integrante do movimento e do Partido Novo, também estava sobre o caminhão de som. “Tem um monte de petista que ainda acha que o Lula é santo”, disse.

Músicas contrárias ao Partido dos Trabalhadores (PT) e gritos contra o ex-presidente Lula e Dilma eram repetidos durante a caminhada pela principal via da cidade. “Cadeia, cadeia”, e “Lula ladrão, seu lugar é na prisão”, “Fora PT, fora PT” eram alguns dos recados apresentados aos gritos pelos participantes.

Por outro lado, o juiz federal de Curitiba, Sérgio Moro, responsável pelos julgamentos na Operação Lava-Jato, foi ovacionado diversas vezes pelos manifestantes. “Dale, dale, dale Moro”, entoavam em sincronia. Algumas pessoas levavam cartazes com a foto do magistrado.

Houve também uma breve carreata com buzinaço, tudo acompanhado pelos agentes de trânsito e pela Brigada Militar (BM). “Não temos medo da polícia. Ao contrário de outros, não precisamos nos esconder atrás de um ministério”, diz, em referência ao novo cargo ocupado por Lula.

Teve quem não gostou. Renato Hauschild, comerciante, foi até o centro, mas desistiu de integrar a passeata. “Pensei que fosse contra a corrupção. Mas é só contra um partido. Assim não adianta nada”, reclama. Já o empresário Neco Berwig diz que está lá pelo fim da impunidade. “Estou de saco cheio de ser roubado na cara dura.”

“Um tapa na cara dos brasileiros”

Cé afirma que o protesto é resultado de uma soma de fatores. Entre eles, a delação do senador Delcídio do Amaral, a condução coercitiva de Lula e o pedido de prisão preventiva do ex-presidente.

No entanto, garante que os acontecimentos desta semana, com a nomeação de Lula, foram o verdadeiro “tapa na cara do povo brasileiro”. “Dias após a maior manifestação popular da história do país, vemos o governo fazendo justamente o contrário do que as ruas pediam.”

Áudios liberados

Além disso, cita o economista, os áudios envolvendo Lula, Dilma, o presidente do PT, Ruy Falcão, e o advogado do ex-presidente mostraram, para ele, fatos importantes. “Mostrou interesses pessoais e partidários sendo colocados acima dos interesses da sociedade brasileira.”

Cé se refere às gravações liberadas na quarta-feira pelo juiz Sergio Moro, nas quais o presidente do PT admite que o objetivo da nomeação de Lula é impedir que ele seja julgado em instâncias menores e, sim, diretamente pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, ele não seria assistido por Moro, por exemplo.

Em outra gravação, Dilma também foi interceptada. Ela afirma que entregará um “termo de posse” na casa de Lula, antes mesmo da posse oficial, para que ele usasse “quando necessário”. Para a Justiça, a presidente estaria atrapalhando as investigações ao supostamente garantir privilégios por meio de tal documento.

Em pronunciamento oficial, Dilma criticou os grampos que, para ela “ferem a Constituição” por envolvê-la. Afirmou que o documento entregue a Lula não possuía sua assinatura e, portanto, não teria qualquer validade. Ela também reiterou a importância dele dentro do governo, enaltecendo a experiência política do ex-presidente.

Embora tenha tomado posse oficialmente, o cargo de Lula dependerá da Justiça. Só ontem, duas liminares derrubaram a nomeação. Uma delas foi concedida pela juíza, Regina Formisano, da 6ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro. A outra do juiz Itagiba Catta Preta Neto, da 4º Vara do Distrito Federal.

CDL de Lajeado protesta

Na tarde de ontem, a sede da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Lajeado foi decorada com a cor preta, em sinal de luto pela situação política do país. Foi uma decisão tomada pela diretoria como “forma de manifestar sua inconformidade com a situação política do Brasil e os desdobramentos dos últimos dias.”

Ex-presidente da entidade, o empresário, Ricardo Diedrich, fala pela diretoria. “Mesmo que seja questionado qual o sentido de bater panela, de participar de manifestações, de usar o preto, faça. Demonstre sua insatisfação. Fale com pessoas que têm ideias diferentes e talvez as convença que o caminho está errado.”

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