O legado olímpico e a luta em busca dos sonhos foram temas da palestra do ex-atleta e atual deputado federal João Derly na sexta-feira.
A experiência fez parte da agenda de compromissos do deputado no Vale do Taquari, e reuniu estudantes, autoridades e empresários em evento na Univates.
Derly relatou as dificuldades que enfrentou como atleta em busca de seus objetivos. “Temos que agarrar as oportunidades e transformá-las em energia positiva para conquistar nossos sonhos”, afirma. Além do legado olímpico, ele abordou questões como a Lei de Incentivo ao Esporte, a prática de exercícios como inclusão social e também sua atuação parlamentar.
Como atleta, conquistou dois títulos mundiais consecutivos (2005, no Egito, e 2007, no Brasil), feito inédito no judô brasileiro. Além disso, representou o Brasil nas Olimpíadas de Pequim e conquistou a medalha de ouro nos jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007.
Carreira
Nascido em Porto Alegre, em 1981, João Derly de Oliveira Nunes Junior conquistou diversos títulos mundiais no judô: foi campeão sub-20 (2000), campeão mundial (2005) e ganhou as medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos e de prata no Mundial de 2009.
Em 2005, fundou o Instituto Podium, projeto que leva a prática gratuita do judô às crianças em situação de vulnerabilidade social. Após se aposentar do esporte, Derly se dedicou à carreira política, elegendo-se vereador em Porto Alegre em 2012 e deputado federal em 2014.
Jogos Olímpicos
A abertura dos Jogos Olímpicos ocorrerá no dia 5 de agosto, com cerimônia de encerramento no dia 21. O lema dos jogos será “Viva sua paixão”. As duas cerimônias serão realizadas no Maracanã.
Entrevista “O que me preocupa é o legado dentro do Rio de Janeiro.”
Agora deputado federal, João Derly foi o primeiro brasileiro a ser campeão e único a sagrar-se bicampeão mundial. Durante a passagem pelo Vale do Taquari, ele relatou as dificuldades e expectativas para as Olimpíadas que ocorrerão em agosto.
Jornal A Hora – Na sua visão como ícone do judô brasileiro e agora deputado federal o que representa para o país sediar os Jogos Olímpicos?
João Derly – Sou sempre defensor de grandes eventos no nosso país, porque, além das obras de mobilidade, há uma questão muito importante que é do legado intangível, que é o legado do desejo da prática esportiva, do incentivo às crianças e jovens de mostrar que é possível fazer o esporte e aproximar os ídolos das pessoas. Outra questão é que os jogos ajudam na hora de criar uma legislação forte na política pública do esporte, pois temos uma muito frágil. Temos diversas cidades que não têm secretaria de Esportes e então é uma política que está em desenvolvimento e que há a necessidade de grandes eventos para desenvolver e aproveitar o momento.
Há muita incerteza sobre a organização das Olimpíadas. Como que está a preparação? Estará tudo pronto? O Rio de Janeiro está preparado para receber os jogos?
Derly – O Parque Olímpico está quase 100% pronto, a execução não vai ser problema para o nosso país. É comum alguns países não estarem com tudo pronto, tendo algumas falhas. Quem já esteve nos Jogos Pan-Americanos e Olímpicos acaba vendo algumas falhas. Claro, isso não justifica que nós não possamos fazer o nosso melhor. Eu creio que, apesar dos pesares, a preparação está indo muito bem. O que me preocupa é o legado dentro do Rio de Janeiro. Começando pela Baía de Guanabara. A ideia inicial era despoluir 80% de toda ela, isso não chegará nem a 50%, isso é uma perda enorme, fruto de comunidades e de condomínios de luxo, que jogam o esgoto na Baía. Hoje o Rio de Janeiro está virado em um canteiro de obras, mas acredito que a mobilidade urbana vai melhorar muito, com ligação para todas os pontos da cidade e estado.
Como avalia o trabalho de Carlos Nuzman como presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)?
Derly – Essa pergunta é boa (risos). Bom, Nuzman já está há muitos anos à frente do COB. Acho que é importante uma renovação, apesar de que no meio esportivo grande parte dos gestores fica muitos anos, mas há necessidade de dar uma renovada para que possa trazer novos desafios, pessoas com outro ímpeto. Creio que a gestão Nuzman teve o seu ápice, teve momentos importantes, mas ainda existe muita coisa que deve ser resolvida, que deve ser melhorada, então acho que ele já cumpriu um papel importante e é um momento para dar voz aos novos líderes que surgirem no país.
Várias manifestações pró e contra o Governo Dilma. Isso pode atrapalhar o andamento dos jogos?
Derly – Eu creio que não, pois é paralelo isso, e o espírito das Olimpíadas prega totalmente o contrário.
