O boneco à beira da estrada é o recado dos moradores da localidade de Arroio do Ouro aos políticos que prometeram asfalto no trecho da ERS-129.
A principal reivindicação, no entanto, é o estado precário da via. Além da poeira, buracos e rebaixamentos da pista são riscos no trânsito local.
Motoristas da região contabilizam prejuízos pelos danos causados nos veículos. O morador Marcos Henrique dos Santos afirma que toda a semana sinaleiras e piscas da motocicleta estragam. Diz que o gasto com a manutenção da moto aumentou em 30% no último ano.
Para ele, a verba do asfalto fora destinada à TransSanta Rita, prejudicando os moradores. “Ficou bom lá, queremos aqui também.” Os dias de chuva são os piores. Mais buracos se abrem na via. “Quase não dá para passar.” Para o agricultor Lauri Francisco Mallmann, 43, que nasceu na localidade, o trânsito de caminhões tem danificado ainda mais a estrada.
De cordo com o morador, depois da instalação de uma empresa de concreto na localidade, o número de veículos pesados quase dobrou. Conforme o agricultor José Inácio Scheible, a promessa por asfaltamento existe há mais de quatro séculos.
Líder da comunidade local, o vereador Adriano Scheeren acompanhou a comitiva municipal que se deslocou até a Diretoria de Gestão e Projetos do Daer, em Porto Alegre, para tentar, mais uma vez, a alteração da estrada estadual para os domínios municipais. A proposta foi negada, com a justificativa de se tratar de uma rota alternativa – e não principal – de ligação entre duas cidades.
Segundo ele, a saída agora é formar uma parceria entre as esferas estaduais e municipais para garantir o asfaltamento de pelo menos 3,3 quilômetros – trecho de maior aglomeração de moradores. Os oito quilômetros que se estendem até Bom Retiro do Sul passaram a receber melhorias nesta semana.
Os maquinários foram cedidos pelo Daer, enquanto o mateiral (saibro) foi doado pelo produtor de gado Nestor de Bairros, 58. Ele doou o material para diminuir os prejuízos dos caminhões que buscam o gado. “Um tem que ajudar o outro”, finaliza.
Entraves burocráticos
O roteiro para municipalizar um trecho rodoviário estadual tem uma sequência de 16 etapas que inicia pela lei municipal, autorizando a prefeitura a assumir a estrada e vai até a Diretoria de Gestão de Projeto do Daer, quando providencia a exclusão do trecho do Sistema Rodoviário Estadual.
Até chegar nessa última etapa, o projeto passa por trâmites burocráticos que contam com fotos feitas a cada 200 metros da via, o croqui de toda extensão dela e uma extensa pilha de arquivos. Entre homologações, portarias e transferências, o projeto transita em muitos setores tornando-o quase inviável ou mesmo demasiadamente demorado.
De acordo com o vereador Adriano Scheeren, a forma encontrada pela municipalidade para acelerar o asfaltamento da via, em pelo menos 3,3 quilômetros, foi a terceirização do serviço. O convênio será realizado com dinheiro municipal, equipamentos do Daer e mão de obra da Construtora Giovanella.
