Descontentes com os rumos da política nacional e defensores do PT e do governo Dilma Rousseff promovem manifestações neste domingo. Caravanas partem de Lajeado e região para acompanhar os atos em Porto Alegre.
Integrantes do movimento Vem pra Rua Lajeado fretaram um ônibus. Conforme um dos organizadores, o economista Guilherme Cé, 30 pessoas confirmaram lugar no coletivo.
“Outros irão de carro e outros lajeadenses estão na capital”. A estimativa é reunir cem participantes do Vale na esquina da rua 24 de outubro com a Goethe a partir das 14h30min.
Segundo ele, o protesto reivindica o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ainda que se intitule como um movimento apartidário, o grupo concentra as críticas contra o PT. “São eles que estão no governo. Então, naturalmente serão cobrados.”
Na opinião do manifestante, foram as escolhas do Partido dos Trabalhadores que resultaram na crise atual. Como exemplo, realça a mudança na matriz econômica feita no segundo mandado do ex-presidente Lula. Houve uma despreocupação com a inflação e hoje chegou em dois dígitos, acredita.
Para ele, o modelo desenvolvimentista aprofundou a intervenção do Estado na economia. “Isto gera problemas em longo prazo, pois normalmente o governo intervém de maneira errada e ocasiona efeitos negativos.”
Cé critica também os créditos subsidiados por bancos públicos. O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS) aumentou as liberações para empresas de grande porte. “São organizações que poderiam buscar investimentos sem depender de instituições públicas”, opina.
Os indícios de corrupção integram a lista de insatisfação do grupo. “Os petistas argumentam que é porque a investigação aumentou. Mas se cresceu, seja talvez porque nunca tenha chegado neste ponto. A Lava-Jato apura o desvio de R$ 100 milhões da Petrobrás. Nunca vimos tamanha confusão entre empresas e poder público.”
Alguns integrantes do grupo mostraram interesse em fazer uma passeata em Lajeado, diz Cé. Mas a organização optou por reforçar o protesto de Porto Alegre. Acredita que assim o coro dos descontentes com o governo petista ganhe mais força.
PT contra o “golpe”
Diretórios do PT na região também levarão caravanas para Porto Alegre. Conforme o presidente do partido em Lajeado, Ricardo Ewald, a excursão parte no domingo por volta do meio-dia. O ponto de encontro será no Parque da Redenção, às 14h.
Com a bandeira “Não vai ter Golpe”, 30 militantes e simpatizantes ajudarão a defender o mandato da presidente Dilma Rousseff. “Entendemos que o processo eleitoral foi legítimo. Nada da direita e de grupos pedir o impeachment.”
Na avaliação de Ewald, o Partido dos Trabalhadores é vítima de um conluio orquestrado por grandes veículos de comunicação e por alguns juristas. “A Lava-Jato tem se mostrado uma investigação tendenciosa. Quando chamaram o ex-presidente Lula para um depoimento coercitivo, isso ficou mais latente. Só vazam informações contra o PT.”
Outro fato que denota direcionamento anti-PT, na opinião do dirigente, é o pedido de prisão preventiva do ex-presidente pelo Ministério Público de São Paulo (MP/SP). “A direita teme que Lula tenha legitimidade para concorrer a presidente em 2018. Eles querem macular a imagem de um dos maiores políticos do país para ele não concorrer.”
A posição do PSDB sobre a iniciativa do MP/SP levanta suspeita, acredita Ewald. “Agora defendem o Lula. “Será que descobriram algo deles?”, questiona. Para ele, o impeachment não tem como acontecer pelo fato de o processo depender da Câmara dos Deputados, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por enquanto o único réu no processo da Lava-Jato.
Dilma desmente rumor
A presidente Dilma Rousseff falou sobre a crise política nessa sexta-feira. Após reunião com reitores de institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, concedeu entrevista coletiva.
Perguntada se estaria resignada e se renunciaria, respondeu: “Vocês acham que eu tenho cara de estar resignada? Vocês acham que eu tenho gênio para me resignar? Eu não estou resignada diante de nada e não tenho essa atitude diante da vida. Acho que essa onda de boatos não contribui e cria uma crise política negativa para a economia. Temos todas as condições de fazer a retomada.”
Sobre as manifestações populares previstas para domingo, Dilma pediu que não haja confrontos. “A manifestação é um momento importante do país, de afirmação democrática. Por isso, não deve ser manchada por nenhum ato de violência.”
