Patronais analisam pedido de comerciários

Lajeado

Patronais analisam pedido de comerciários

Supermercadistas foram os primeiros a marcar reunião para negociar dissídio

Patronais analisam pedido de comerciários
Lajeado

A proposta de reajuste salarial com 2% de ganho real começa a ser debatida entre os sindicatos patronais de oito atividades do comércio.

O documento foi entregue nessa quarta-feira à tarde, a representantes do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Vale do Taquari (Sindilojas). Diretores do órgão representativo devem se reunir nos próximos dias para debater o tema, antes de um encontro oficial para negociações.

Ela foi apresentada pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de Lajeado e região (SindiComerciários) no mesmo dia e considera a soma do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses, estimada em 11,8%. O pedido foi feito com base em dados apresentados por técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Hotel Mariani.

O mesmo documento apresentado foi encaminhado por correspondência para outras sete sindicatos patronais como forma de abertura da campanha salarial 2016 da categoria. O Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros) regional, com sede em Santa Cruz do Sul, foi o primeiro a marcar a negociação com representantes dos trabalhadores para o dia 18. Ele ocorre na sede do sindicato lajeadense.

Atenção especial

A definição de uma data para iniciar as negociações com o Sindigêneros foi bem recebida pelo presidente do Sindicomerciários, Marco Rockembach. De acordo com ele, o setor é um dos com maiores demandas de melhorias. Uma delas, segundo o sindicalista, seria o debate por vencimentos de acordo com a atividade profissional e o estabelecimento de estratégias para redução de acidentes de trabalho.

Supermercados costumam apresentar maior rotatividade e carga horária entre as atividades comerciais, além de ter a menor média salarial, alega. “É um setor com uma característica muito forte de primeiro emprego, mas nem por isso deve ser marginalizado.”

“Demissões para os empresários sempre foram onerosas”

Sílvio Henrique Fröhlich é diretor do Conselho de Relações do Trabalho do Sindilojas. A entidade foi a primeira a receber as reivindicações do Sindicomerciários. O documento será debatido pela diretoria antes de uma reunião oficial para as negociações.

A Hora – O Sindicomerciários inicia as assembleias para o dissídio do ano. Em evento na manhã de quarta-feira, basearam-se em dados do Dieese para justificar o pedido de 2% de ganho real. Pelos dados apresentados, o setor comercial acumula ganhos acima do PIB estadual. Por se tratar de uma pesquisa oficial, como o Sindilojas se posiciona frente ao pedido do sindicato dos funcionários?
Sílvio Fröhlich – O Sindilojas está atento a todos os acontecimentos não só a nível nacional, estadual e regional. Estamos sensíveis a isso e a entidade, que já esteve reunida com o Sindicato dos Comerciários, irá para as negociações embasada em fatos da economia de todos os níveis, sempre buscando a manutenção dos empregos.
Vemos na indústria e no comércio argumentos de que não é possível dar um aumento acima da inflação devido ao momento de instabilidade econômica. O Sindilojas pode apresentar que tipo de proposta?
Fröhlich – A economia vem em desaceleração nos últimos anos, culminando em uma recessão em 2015, com um PIB negativo de 3,8% pior resultado desde 1990. A indústria amargou uma queda de 6,2%, puxada pela retração de quase 8% do setor de construção, puxada tanto com a parte de infraestrutura como a parte imobiliária. Além da construção, a indústria de transformação recuou 9,7%, influenciada pela redução, em volume, dos segmentos de veículos, de máquinas e equipamentos e de aparelhos eletrônicos. O recuo poderia ser maior se a indústria extrativa mineral não tivesse colaborado positivamente. O aumento da extração de petróleo, gás natural e minérios ferrosos ajudou a suavizar o tombo. O setor de serviços, que sempre respondeu por boa parte do PIB, recuou 2,7%, a maior baixa desde 1996, porque o comércio, forte em outros anos, mostrou uma diminuição de 8,9%.

Em relação à rotatividade. Conforme a apresentação dos técnicos do Dieese, as demissões frequentes são benéficas para os empregadores. Segundo eles, a rotatividade leva a uma média salarial menor, devido ao fato de que os recontratados têm vencimentos menores. Como o Sindilojas se posiciona sobre essa análise?
Fröhlich – As demissões para os empresários sempre foram algo oneroso. Prova disso é que em 2015 comparado com 2014, segundo dados do Caged para o RS, houve redução nas admissões de em torno de 19% e de demissões de 10%. A ideia que se tenta disseminar de que os empresários só pensam e se beneficiar com as demissões deve ser revista. Nenhum empresário gosta de reduzir as vagas de emprego, pois, em um momento futuro, quando for admitir um novo funcionário, há todo um processo de adequação ao novo emprego.

O ano passado teve um saldo negativo entre admissões e demissões. Na opinião do sindicato, quais os fatores que interferiram nessa mudança?
Fröhlich – O Sindilojas tem sua base representativa formada basicamente por micro e pequenas empresas, em torno de 95% de seus representados. Todas as nossas atitudes são estrategicamente estudadas para não inviabilizar os pequenos negócios.

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