A primeira assembleia entre credores e Indústria de Laticínios Hollmann foi adiada por falta de quórum. Menos de 50% dos habilitados no processo compareceram na reunião dessa quarta-feira.
No próximo encontro, dia 23, no Centro Comunitário de Seca Baixa, os advogados da empresa apresentarão o plano para quitação de débitos. Entre funcionários, produtores e instituições bancárias, os valores ultrapassam R$ 22 milhões. Só com a administração municipal, a dívida chega a R$ 533 mil, referentes a ISSQN, incentivos e serviços de máquinas.
Conforme o advogado da Hollmann, Arvidt Froemming, o plano para quitar os débitos é detalhado conforme prioridade nas três categorias de credores: trabalhadores, garantia real e fornecedores. O objetivo dos proprietários é alugar a fábrica ou vender. “A projeção é de pagamento a longo prazo com um ano de carência.” Segundo Froemming, alguns fornecedores parceiros da empresa participarão de negociação diferenciada, pelo interesse em manter vínculo comercial.
O processo de recuperação judicial aponta que a empresa deve mais de R$ 23 mil aos funcionários habilitados, R$ 3,6 milhões de garantia real e R$ 18,8 milhões aos fornecedores. As dívidas com três funcionários, de um total de de 50, somam R$ 90 mil. Evandro Funke, 46, trabalhou na empresa por 31 anos e discorda do valor relacionado. Segundo ele, tem cerca de R$ 30 mil para receber. “Essa situação é traumática. Temos contas para pagar e não conseguimos. É uma decepção.”
Mônica Lanazini, 34, foi líder no setor de fatiamento por 15 anos. Quando a quinta fase da Operação Leite Compen$ado denunciou um dos proprietários Sérgio Alberto Seewald, ela estava grávida de sete meses e havia financiado um carro.
A demissão ocorreu em janeiro de 2015 e desde então aguarda o recebimento dos direitos trabalhistas. “Além do prejuízo de R$ 30 mil, fica a vergonha moral e emocional. Temos contas a pagar e dinheiro a receber, mas até agora só enrolação.”
Marciano Klein, 40, trabalhou durante o mesmo período e estima R$ 30 mil de crédito. O montante é relativo a FGTS, salário, férias, 13o e duas rescisões. Acredita que as dívidas com todos os trabalhadores cheguem a R$ 500 mil.
Incêndio atrasou a primeira assembleia
Em 2014, depois de ser apontada na quinta fase da Operação Leite Compen$ado, a Laticínios Hollmann entrou em recuperação judicial. Antes da primeira assembleia, um incêndio atingiu a fábrica e 40% da patrimônio físico foi consumido pelas chamas. O seguro havia expirado por falta de pagamento semanas antes. Segundo o Corpo de Bombeiros de Estrela, as chamas iniciaram em paletes que estavam no pátio.
O sinistro postergou o encontro para definir a forma de pagamento. Durante o período, os diretores reformaram a fachada da fábrica e iniciaram negociação com cooperativas e investidores. Nada foi firmado.
Saiba mais
A Hollmann foi fundada há 60 anos e processava 60 mil litros de leite em Imigrante. Eram produzidos o tipo UHT e queijos. A empresa iniciou com 80 funcionários. Em maio de 2014, foi acusada de fraudar o leite, adicionando citrato, soda cáustica, bicarbonato de sódio e água oxigenada. Conforme o advogado de defesa, nenhuma amostra confirmou o fato.