Pesquisa do Dieese baseia pedido de  reajuste dos comerciários

Lajeado

Pesquisa do Dieese baseia pedido de reajuste dos comerciários

Pesquisa mostra que desempenho do comércio na última década superou o crescimento do PIB do estado

Pesquisa do Dieese baseia pedido de  reajuste dos comerciários
Lajeado
oktober-2024

O início da campanha salarial para os comerciários foi marcado pela apresentação do perfil do comércio no estado e região nos últimos dez anos.

Os dados serão usados para justificar o pedido de reajuste do INPC de 11,8% nos últimos 12 meses e 2% de ganho real para categoria. A pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) foi apresentada ontem durante evento promovido pelo Sindicato dos Empregados do Comércio de Lajeado e região (SindiComerciários).

Conforme os dados, entre 2006 e setembro de 2015, o volume de vendas do comércio ficou abaixo do PIB gaúcho em três anos (2006, 2013 e 2015). Durante o período, a geração de riquezas no RS teve desempenho negativo em 2009, 2012 e no ano passado.

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De acordo a técnica do Dieese, Daniela Sandri, das atividades pesquisadas, o volume de vendas mais que dobrou no acumulado. O melhor desempenho ficou com o comércio de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, com 161% de aumento. Ele é seguido pelo de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com 121,6%, e pelo de material de construção, com 109,6%. Em média, o comércio geral teve 56% mais vendas no mesmo período.

Durante a apresentação, foi destacada a participação dos salários na receita das empresas com base na Pesquisa Anual do Comércio de 2013. O estudo mostrou o gasto de 5,5% de todo volume bruto de vendas gaúchas em 2012 com remunerações dos trabalhadores. Em 2013, o índice ficou em 5,7%.

A pesquisa também mostrou o crescimento do comércio em três cidades da região. O terceiro setor econômico corresponde a 70% do PIB orçamento nacional e emprega 9,5 milhões de pessoas. No estado, ele representa 20,6% da mão de obra empregada, com 628 mil trabalhadores. Já em Lajeado, é o terceiro principal setor na geração de emprego formal, com mais de 8,2 mil pessoas e representa 23% dos trabalhadores. A categoria também apresentou a maior jornada de trabalho, com média de 45 horas semanais.

O acumulado de empregos formais gerados no comércio de Lajeado, Arroio do Meio e Estrela foi positivo de 2002 a 2015. A maior cidade da região teve crescimento de 92%. Arroio do Meio aparece em segundo, com 77,9%, enquanto Estrela, 19,3%.

A geração de renda pelo trabalho, não por juros, diz analista

Na avaliação do supervisor técnico do Dieese, Ricardo Franzoi, a alegação de dificuldades financeiras no setor não cabe para justificar queda nos salários. Esse discurso, alega, tem sido comum em negociações de diferentes atividades comerciais no estado e as propostas apresentadas costumam ser semelhantes, sem considerar desempenhos diferentes.

Segundo Franzoi, é preciso estimular a geração de empregos e melhorar a renda no setor, como forma de estimular o desempenho. “Nós queremos que a geração de renda venha do trabalho e não dos juros.”

Opinião semelhante à do presidente da Federação dos Empregados no Comércio de Bens e Serviços do estado (Fecosul), Guiomar Virdos. De acordo com ele, o impacto do último ano no acumulado de vendas é irrisório para justificar queda salarial ou demissões. “A economia das empresas foi dos dois lados: eles ganharam com a redução da mão de obra e salarial.”

A conclusão chegou da apresentação do fluxo de emprego formal no setor. Entre 2010 e 2015, o comércio de Lajeado só teve saldo negativo em 2015, com 350 menos vagas. Entre 2007 e 2013, a rotatividade descontada, em que são contabilizados os desligamentos por iniciativa do empregador, ficou sempre acima dos 40%. A global variou entre 55%, em 2007 e 64,2%, em 2013, com um pico de 64,9, dois anos antes.

No ano passado, a média salarial dos admitidos na categoria em Lajeado ficou em R$ 1.079, cerca de 15% menor, se comparado com dos demitidos no período. A situação é mais acentuada entre os supermercados, onde os ganhos iniciais são de R$ 998, enquanto os finais chegam a R$ 1.486.

Debate sobre dissídio

Embasado nos dados apresentados, o presidente do Sindcomerciários, Marco Rockembach, iniciou ontem os debates sobre o dissídio da categoria. A proposta de reajuste foi apresentada ainda na ontem de manhã para oito entidades representativas dos lojistas com data base em março. As exceções são os setores de revenda de veículos e autopeças.

A proposta foi encaminhada por correspondência para as entidades que não participaram do encontro. Segundo Rockembach, um novo debate deve ocorrer em até 15 dias.

De acordo com ele, a busca por reajustes abaixo da inflação no período é inviável para a categoria. Ressalta a importância de levar em conta o histórico de desempenho de vendas no período. Na avaliação do presidente, a economia gerada com a rotatividade do setor nos últimos anos reduz os impactos de quedas no desempenho em 2015. “Queremos desmistificar o desemprego latente e que o reajuste salarial deve gerar mais desemprego.”

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