Na tentativa de estimular um dos setores mais afetados pela crise, a Caixa Econômica Federal anuncia medidas de incentivo ao crédito imobiliário. Utilizando recursos do FGTS, o banco ampliou a cota para aquisição de usados e do segundo imóvel.
O percentual financiável de imóveis usados, que hoje varia de 40% a 60%, será ampliado para até 80% do valor total do imóvel. No anúncio, a presidente do banco, Miriam Belchior, falou sobre a intenção de destravar o mercado imobiliário para os segmentos das classes média e alta.
Segundo ela, essa parte da população costuma utilizar o imóvel atual como entrada para uma nova aquisição. Com os patamares de financiamento elevados, será possível compras de alto valor em condições mais vantajosas em relação às atuais.
A Caixa também retoma as operações de crédito para aquisição do segundo imóvel com as mesmas taxas de juros e prazos oferecidas para quem compra o primeiro. Conforme Miriam, a medida possibilita uma janela de tempo para a venda do primeiro imóvel, caso essa seja a opção do cliente.
A linha pró-cotista também terá uma injeção de recursos. Serão R$ 7 bilhões para trabalhadores com conta ativa no FGTS financiarem até 85% de imóveis novos e usados de até R$ 750 mil pelo prazo máximo de 30 anos e taxas de juros entre 7,85% e 8,85% ao ano.
A expectativa da Caixa é elevar o volume de contratos em 13% em relação ao ano passado, quando 792 mil unidades foram financiadas para 2,9 milhões de pessoas. Nos cálculos do banco, os recursos são suficientes para comercializar 64 mil imóveis a mais do que em 2015. Desses, 29,7 mil seriam por meio do FGTS e 34,3 mil com verbas da poupança.
A Caixa ainda anunciou nova linha de crédito para construtoras de todos os portes. Ao todo, R$ 2,4 bilhões serão destinados para financiar a construção de imóveis com valores de até R$ 500 mil.
Impacto regional
De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Construção Civil (Sinduscon-VT), Roberto Jachetti, as medidas têm potencial para fomentar vendas de residências e imóveis comerciais na região.
Segundo ele, o Vale do Taquari tem vantagens na comparação com outras regiões do estado, por apresentar valores mais atrativos por metro quadrado. Porém, ressalta que o mercado comprador está mais cauteloso em relação aos anos anteriores.
“Quem tem recursos para investir está comparando mais os produtos”, relata. Conforme Jachetti, questões como a qualidade e a localização dos imóveis são cada vez mais decisivas no momento da compra.
Para ele, o sucesso das estratégias definidas pela Caixa depende das taxas de juros a serem aplicadas e da burocracia para acesso ao crédito. Mesmo assim, afirma que os recursos disponibilizados darão um lastro maior ao setor.
Lucro bilionário
O anúncio das mudança no crédito habitacional foi feito durante a apresentação do balanço do exercício de 2015 da Caixa. No ano passado, o banco lucrou R$ 7,2 bilhões, valor 0,9% superior ao registrado em 2014. As receitas originadas pelo relacionamento com clientes nas contas correntes e cestas de serviços obtiveram os resultados mais positivos no ano passado, apresentando crescimento de 30,7%. Os cartões de crédito tiveram ampliação de 12%.
O total da carteira de crédito teve ampliação de 11,9% em 12 meses, chegando a R$ 679,5 bilhões. Com isso, a Caixa assegura fatia de 20,9% no mercado financeiro do país.
As operações habitacionais continuam como principal produto do banco, responsável por 67,2% das operações do tipo no Brasil. O volume total dos empréstimos para habitação chega a R$ 384,2 bilhões, número 13% maior em relação a 2014.