A família de Zilda da Costa, natural de Pouso Novo, é produtora faz mais de 30 anos. A agroindústria foi construída em Linha Perau, Marques de Souza, e o investimento em estrutura e máquinas superou os R$ 200 mil.
Por ano, 30 mil quilos são industrializados. A família mantém 340 caixas com enxames pelo interior do Vale do Taquari. Para atender a demanda, firmou parceria com outros 50 produtores da região. Nas cinco safras feitas por ano (janeiro, fevereiro, maio, setembro e novembro), são colhidos, em média, 30 quilos de mel por colmeia.
Essa quantidade se mantém estável graças à alimentação artificial. “Cada colmeia recebe um quilo de açúcar cristalizado. Se não alimentar artificialmente as abelhas, hoje não teria oferta de mel.”
Segundo Zilda, nos últimos dois anos, a produção registra queda de 40% devido às mudanças meteorológicas (excesso de chuva que prejudica a floração) e o uso de agrotóxicos em lavouras próximas de onde estão as caixas.
Na venda direta ao cliente, o quilo é vendido a R$ 15. São ofertadas desde embalagens de 250 gramas até baldes com cinco quilos. Para se qualificar, participa de cursos e seminários, além de visitar associações e empreendedores em outros estados e países.
Neste mês, passou uma semana no Uruguai em busca de novos modelos de produção e processamento da matéria-prima. “É preciso buscar informação por conta.” Uma das inovações colocadas à disposição dos clientes é a confecção de potes com mel para serem distribuídas como lembranças de casamentos, festas e datas especiais.
Entre as dificuldades, destaca a burocracia para conseguir expandir as vendas para outros municípios e estados. A agroindústria tem apenas a Inspeção Municipal e o Selo de Sabor Gaúcho, que atesta a qualidade do produto.
Aguarda há mais de um ano o aval para aderir ao Susaf e ao Sisbi. “Fizemos todas as adequações, mas o processo parou no Executivo. Atrapalha nosso crescimento e limita a rentabilidade.”
Falta assistência
Segundo o presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs), Aldo Machado dos Santos, a atividade sente a falta de assistência técnica, de critérios objetivos para a fiscalização do produto e de estruturas para facilitar a exportação.
Cada R$ 1 produzido pelos apicultores, gera R$ 200 para o setor primário, por meio do aumento do índice de sementes e dos frutos e do adensamento dos campos, obtidos pela polinização. As condições meteorológicas, conforme o diretor-executivo da Fargs, Rogério Dalló, são favoráveis, uma vez que é possível produzir durante oito meses por ano. Faltam, na sua opinião, políticas públicas que incentivem o crescimento do setor.