Indústria repensa comercial a crianças

Vale do Taquari

Indústria repensa comercial a crianças

Associação decide extinguir propagandas de refrigerantes e sucos artificiais

Indústria repensa comercial a crianças
Vale do Taquari

A publicidade de refrigerantes e de sucos artificiais direcionada ao público infantil foi encerrada no país. O alerta de nutricionistas sobre a ingestão das bebidas sensibilizou a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir).

A partir de agora, sites, jornais, emissoras de TV e rádio deixam de veicular comerciais que induzam as crianças. A autorregulamentação é uma proposta antiga que segue uma tendência mundial.  Em diversos países, a lei estabelece a responsabilidade dos pais para decidirem quais produtos os filhos podem ingerir, tirando as crianças do alvo publicitário. Programas destinados ao público infantil também serão atingidos e, mesmo que o comercial seja voltado aos adultos, não haverá mais propaganda das bebidas.

Apesar da medida, garrafas pequenas – destinadas para crianças – ainda poderão ser fabricadas, ainda que direcionadas aos adultos. Os logotipos de conotação infantil também não serão obrigados a mudar a imagem visual. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) estabeleceu em abril de 2014 resolução que proíbe qualquer propaganda para a menores. O texto considera abusiva a comunicação mercadológica direcionada ao público infanto-juvenil.

Por outro lado, entidades representativas do mercado publicitário, das emissoras de televisão e rádio ignoram a resolução e continuam divulgando propagandas de outros produtos destinadas para públicos infantil e adolescente. Em nota assinada pelas nove maiores entidades do setor, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) argumenta que a competência de criar leis é exclusiva do Legislativo. Entretanto, o Conanda tem a legitimidade democrática de elaborar normas gerais de política nacional que diz respeito aos direitos da criança e do adolescente, fiscalizando as ações de execução.

Problemas na saúde

A nutricionista Fabiele Johan acredita que a medida seja o primeiro passo para mudança em outras áreas da alimentação destinada às crianças. Para ela, hábitos inadequados não estão ligados à propaganda infantil. “Os maus hábitos dos pais ou responsáveis são a principal influência.”

Fabiele afirma que a decisão sobre a compra deve ser dos pais. A nutricionista alerta para o consumo de refrigerantes e sucos artificiais. “São bebidas calóricas, carregadas em açúcar, corantes, cafeína e sódio. Uma lata de refrigerante contém dez colheres de chá de açúcar.”

O mau hábito pode levar à obesidade, diabetes, alergias, aumento da pressão arterial e problemas comportamentais como irritação e perda de sono. Os dentes são os primeiros atingidos. “O pH ácido danifica o esmalte e aumenta a chance de cáries.”

Líquido que não hidrata

A nutricionista ressalta que essas bebidas não matam a sede, apesar de serem à base de água. Não há vitaminas, tampouco minerais e, portanto, não hidratam. “Crianças que bebem refrigerantes e sucos artificiais tendem a beber menos água, sucos naturais e leite, o que pode levar a uma deficiência de cálcio, vitamina A, C e outros nutrientes.”

Conforme a nutricionista, a ingestão de bebidas naturais deve ser incentivada pelos pais. “Podem usar copos e canudinhos coloridos ou pedacinhos de frutas congeladas no lugar do gelo.” Crianças menores devem evitar a ingestão de bebidas industrilizadas.

De acordo com a nutricionista Angelita Ewald, há uma lista de malefícios causados pelas bebidas artificiais. O alerta é acentuado em refrigerantes à base de cola. Ela afirma que algumas marcas contêm substâncias cancerígenas como o 4-MEI – um subproduto do chamado caramelo 4 – que dá a pigmentação às bebidas escuras, à base de cola.

Mesmo assim, a Anvisa permite o uso desses compostos, respeitando um limite de concentração. “Esquecem que o consumo cumulativo é um veneno para o ser humano. Não existe idade mínima para começar a tomar refrigerante. Essas substâncias nunca devem ser ingeridas.”

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