Comitiva de prefeitos, representantes da América Latina Logística (ALL) – administradora da ferrovia na malha sul – a Serra Verde Express se reúnem no dia 8 de março. O encontro, mediado pela Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), visa determinar o andamento do projeto para o trem turístico na região.
Um dos avanços comemorados é a liberação da estação férrea de Colinas. Conforme o prefeito Irineu Horst, o tema foi tratado em Brasília com representantes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), durante o mês de fevereiro. “Conseguimos a cessão por 20 anos.”
Horst afirmou que o Dnit aceitou a proposta do Executivo em restaurar, conservar e usar o prédio como uma das paradas para o trem turístico. O próximo passo é fazer um levantamento de custos para iniciar as melhorias necessárias no local.
Além de Colinas, a primeira das sete cidades a conseguir a liberação, outras seis (Estrela, Muçum, Roca Sales, Dois Lajeados, Vespasiano Corrêa e Guaporé) buscam efetivar projetos para receber turistas em pontos estratégicos. Embora as negociações estejam avançando, não há prazo para o trem turístico entrar em funcionamento.
Segundo o prefeito de Dois Lajeados, e futuro presidente da Amturvales, Valnei Cover, a meta é conseguir junto ao Dnit e à ANTT a liberação da ferrovia para transporte de passageiros, interrompido desde 1982. “Quando tivermos isso, teremos como planejar as atrações, dar seguimento aos projetos de cada cidade, definir preços, horários e formas de atrair os turistas para conhecer o nosso potencial turístico.”
Segundo Cover, para viabilizar o projeto uma das propostas é fazer com que cada município custeie parte da passagem. “Será uma forma de atrair a população local para conhecer o roteiro e viabilizar economicamente a proposta.”
Em Dois Lajeados, está prevista a construção de uma estação na divisa entre Vespasiano Corrêa e Anta Gorda em uma área de 250 hectares às margens da ferrovia. Um recurso federal de R$ 250 mil está garantido para iniciar as obras. O antigo complexo da cidade foi destruído por uma desmoronamento há 15 anos.
Maria fumaça está descartada
De acordo com Cover, o modelo a ser implantado é diferente da Maria Fumaça, que leva turistas entre Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa, na Serra Gaúcha. Será usado uma Litorina Standard, o mesmo modelo de Curitiba. Ele conta com ar-condicionado e janelas panorâmicas. Comporta até 60 pessoas.
A Serra Verde Express será a principal investidora do projeto. Em Curitiba, por exemplo, a concessionária fica com 39,9% da tarifa cobrada dos passageiros para o passeio de trem. Investimento deve superar R$ 1 milhão.
O trajeto será de 63 quilômetros. Com os trilhos em boas condições, o trem de passageiros precisa apenas trafegar em velocidade inferior ao de cargas, que chega a 60 por hora. Os vagões devem atingir no máximo os 30 km/h.
Lançamento ocorreu em 2014
A proposta foi apresentada no dia 17 de setembro de 2014, em Muçum, na Sociedade Recreativa e Cultural José Garibaldi. A iniciativa das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (Abottc), do Sebrae e da Associação dos Municípios de Turismo do Vale do Taquari (Amturvales) prevê que um trem turístico e cultural percorra a Rodovia do Trigo, no percurso que compreende sete municípios, entre Estrela e Guaporé.
Na época, a promessa era de iniciar os passeios em março de 2015, meta que não se cumpriu devido a problemas burocráticos e ausência de uma licença para utilizar os trilhos para transporte de pessoas.
Logo após, um grupo de 15 empresários da região participou de um treinamento oferecido pelo Sebrae. As atividades abordaram questões ligadas ao gerenciamento dos estabelecimentos, repassando informações sobre como apresentar produtos turísticos, melhorar o atendimento e aumentar as vendas.
Falta de interesse do setor privado
Diversos governos tentaram retomar o transporte de passageiros. Esbarraram na falta de interesse do setor privado. Projetos para conseguir parceiros empresariais para viabilizar o negócio se sucedem desde meados do ano 2000.
O ex-prefeito de Colinas, Edelbert Jasper, em 2005, elaborou projeto para retomada do transporte de passageiros. Na época, a ALL emitiu parecer favorável sobre a proposta. Em seguida, iniciou a busca por uma empresa para explorar a atração.
Em 2008, a ANTT aprovou a proposta. O Dnit doou seis vagões. Uma empresa de Porto Alegre ficou responsável pela reforma, avaliada em R$ 2 milhões. O chamado Trem Turístico dos Vales e Montanhas da Serra Gaúcha foi anunciado para começar em 2009. No entanto, um dos empresários responsável pela atração morreu e a iniciativa foi cancelada.
