MP move ação contra Centro Oftalmologico

Vale do Taquari

MP move ação contra Centro Oftalmologico

Clínica teria provocado perda de visão de 16 pessoas após cirurgias em maio de 2015

MP move ação contra Centro Oftalmologico
Vale do Taquari

A Promotoria de Justiça de Encantado ajuizou, nessa quinta-feira, uma ação civil pública para buscar a indenização pelos danos morais, materiais e estéticos sofridos por 16 pacientes que perderam a visão após realizarem uma cirurgia de catarata pelo Instituto de Oftalmologia Faxinal Ltda.

A ação foi ajuizada contra a clínica, que atende exclusivamente pelo SUS, e seu Diretor Técnico, Lair José Hüning. Em antecipação de tutela, a promotora responsável pelo caso, Daniela Pires Schwab, pede a indisponibilidade de bens imóveis do estabelecimento e de Hüning. A Justiça da Comarca já deferiu o bloqueio de valores solicitado pelo MP em ação cautelar ajuizada no dia 5 de fevereiro.

O bloqueio é referente a R$ 555 mil que a clínica teria por receber do Governo do Estado, da União e do Fundo Municipal de Saúde de Encantado.

Conforme o inquérito do MP, os 16 pacientes lesados fizeram cirurgia de catarata entre os dias 20 e 22 de maio de 2015. Pelas investigações, do total dos pacientes submetidos à cirurgia no dia 20 – cerca de 60 –, 17 tiveram infecção pela bactéria pseudômonas aeruginosa. Só um deles não perdeu a visão.

Segundo a promotora, foram verificadas várias falhas nos processos conduzidos naquelas datas. Nas análises dos prontuários dos pacientes, não foram encontrados, por exemplo, registros de alguns eventos, como laudo laboratorial, medidas adotadas e medicamentos utilizados.

O Instituto também não teria notificado a ocorrência dos fatos adversos às vigilâncias sanitárias e vigilâncias epidemiológicas estadual e municipal. Foram constatadas, ainda, outras irregularidades, como baratas, poeira, teias de aranha, infiltração no teto e instalação elétrica com fiação exposta em alguns ambientes.

No inquérito, consta que faltavam insumos para higienização das mãos. A promotoria verificou também que foram encontrados medicamentos oftalmológicos abertos, sem rótulo e sem prazo de validade adequado, medicamentos e anestésicos armazenados junto com alimentos no refrigerador na copa, lixeiras sem tampa e sem pedal.

A mesma investigação mostou que a central de material esterilizado estava em desacordo com as normas da Anvisa, inclusive

com materiais de uso único sendo reutilizados. Após vistoria, a equipe de inspeção sanitária do Estado interditou o local para

realização de atividade de procedimentos cirúrgicos oftalmológicos.

O MP de Encantado já oficiou o Cremers, a 16ª Coordenadoria Regional de Saúde, o Centro Estadual de Vigilância Sanitária e a

Delegacia de Polícia Civil, com cópias de peças da investigação, para subsidiar outras investigações.

A reportagem tentou contato com a direção da clínica na tarde de sexta-feira, mas os telefones estavam desligados. Em dezembro, o administrador do centro, Amarildo Dall Ago, disse que a suspeita das contaminações pegou a equipe de surpresa.

Segundo ele, foram mais de dois mil procedimentos com resultados muito positivos. Na época disse que não houve comunicações à clínica sobre prejuízos aos pacientes.

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