“Tive que pagar R$ 230 de juros no cheque especial em função do atraso do salário. A mesma coisa ocorreu em janeiro.”
A reclamação de um técnico de enfermagem que atua faz um ano e meio na UPA confronta com o alto número de atendimentos mensais e com as pesquisas de satisfação. Enquanto funcionários aguardam pela carteira assinada, maioria dos pacientes aprova o atendimento.
Segundo o técnico, que prefere não se identificar sob temor de represálias por parte da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), os vencimentos deveriam ter sido depositados até o quinto dia útil do mês.
No entanto, os valores foram disponibilizados só ontem aos servidores contratados por meio de Recibo de Pagamento à Autônomos (RPA). “Tive que cobrir o prejuízo dos juros com o banco.”
Atendimentos superaram 60 mil em 2015
De acordo com os relatórios mensais da FHGV, a Sesa informa que em 2015 ocorreram 60.434 atendimentos na UPA – uma média de 5.036 atendimentos por mês ou 166 por dia. O mês com maior número de atendimentos foi outubro, com 5.503. Já fevereiro foi o mês com menos atendimentos, fechando com 4.250.
Em dezembro, foram contabilizados 4.143 atendimentos de pessoas com mais de 12 anos e 1.176 de crianças com até 12 anos. Desse montante, 151 foram para pessoas de fora de Lajeado. Ainda, no mês de dezembro, foram realizados 1.409 exames de laboratório, 821 de raios X e 201 eletrocardiogramas.
Na classificação de risco, 21,9% dos pacientes em 2015 foram considerados “azuis”, 72,2% “verdes”, 5,4% amarelos e 0,5% vermelhos. Para a Sesa, são índices satisfatórios que demonstram “uma boa relação com a rede básica de saúde, haja vista que em municípios em que esta relação não se dá de forma satisfatória os pacientes ‘azuis’ prevalecem sobre os ‘verdes’”.
A Sesa divulga ainda uma pesquisa de satisfação. Do total de pacientes entrevistados, 83% esperaram menos de 20 minutos para o atendimento, 15% informaram mais tempo e 2% não souberam responder. Outro percentual verificado mostra que 99,2% dos usuários consideraram que os médicos responderam as perguntas e explicaram adequadamente e de forma compreensível a situação do paciente. Todos os usuários revelaram que voltariam à UPA em caso de necessidade, considerando ainda as instalações boas ou muito boas em mais de 98% dos casos.
Entrevista com o secretário de Saúde Glademir Schwingel
A Hora – Qual foi a dificuldade enfrentada pela FHGV para protelar tais pagamentos aos servidores?
Glademir Schwingel – A dificuldade foi climática. A prefeitura de Lajeado, para efetuar o repasse, cobra da FHGV a entrega de documentos comprobatórios fiscais e recibos. Esses documentos deveriam ter chegado na semana passada, mas por dois dias não foi possível o envio de carro de lá para cá por temporais na Região Metropolitana. Quando, enfim, vieram, a prefeitura acelerou o repasse, mas, entre o depósito na conta da FHGV e dela na conta dos servidores, há um lapso de tempo que o sistema bancário se permite.
Quantos servidores estão contratados hoje na UPA pela CLT? E pela RPA?
Schwingel – O quadro de pessoal da UPA de Lajeado é composto por 130 profissionais, distribuídos da seguinte forma: um coordenador, um supervisor administrativo, 60 médicos (52 RPA e oito CLT), 11 enfermeiros, 17 técnicos de enfermagem (nove RPA e oito CLT), nove técnicos em radiologia, nove assistentes administrativos, dois farmacêuticos, cinco auxiliares de farmácia, cinco auxiliares gerais (três RPA e dois CLT), nove auxiliares de segurança (três RPA e seis CLT) e um assistente social. Recentemente ocorreu processo seletivo e a FHGV está começando a chamar os selecionados, na medida das necessidades.
Quando o governo estima finalizar o processo seletivo para contratação via CLT de todo quadro da UPA?
Schwingel – O processo seletivo é de competência da FHGV. Foi realizado e imagino que devem estar tomando as providências para compor o quadro definitivo. No caso específico dos médicos, há previsão de ser realizado processo seletivo específico. Mas depende da FHGV organizar e providenciar os trâmites.
Quanto o Estado deve, hoje, em valores referentes à UPA?
O Estado deve os meses de maio, novembro e dezembro de 2015 e janeiro de 2016. Cada parcela é de R$ 225 mil.
Apesar desses percalços, a UPA apresenta boa aceitação e bom número de atendimentos. Fale sobre os avanços da unidade.
Schwingel – A UPA representa uma conquista para os lajeadenses, atendendo mais de 60 mil pessoas em 2015. É, no entanto, um desafio manter os serviços com a descontinuidade de repasse de recursos e a insegurança que isso causa. De qualquer forma, o quadro de profissionais competentes, aliado ao reconhecimento da população, tem trazido avanços e bom atendimento.
